A verdade que ninguém aceita.

no. March 31

A obsessão pelo sofrimento :round_pushpin:

Hoje trago um artigo acerca de como a sociedade transforma tragédias em entretenimento. Todos nós sabemos que vivemos em um mundo onde as tragédias humanas se tornaram mercadorias consumíveis, transformadas em "entretenimento" de baixo nível. A obsessão por casos criminais, principalmente os mais brutais, tomou conta da mídia e das redes sociais, onde a dor de vítimas é reduzida a uma história de "terror real" para atrair a atenção de uma audiência sedenta por detalhes mórbidos.

É como se, em vez de enxergarmos essas tragédias com o respeito e a empatia que elas merecem, a sociedade transformasse cada crime em um espetáculo. Quando alguém falece de forma violenta, logo surgem perguntas insensíveis: "De que forma morreu?", "Quais os detalhes?" ou "Onde posso ver a reportagem completa?". Esses comentários revelam uma frieza desconcertante, como se a morte fosse algo para ser consumido, uma história de terror para ser compartilhada, uma "exclusividade" que, se não for detalhada, perde o valor.

A mídia, é claro, alimenta essa fome por audiência, e como tudo é um ciclo, as pessoas, ao consumirem esse tipo de conteúdo, tornam-se cúmplices, pois é a busca incessante por mais "informação" sobre os crimes que mantém esse processo vivo. Os jornalistas, por sua vez, sabem que uma reportagem sensacionalista sobre um assassinato vai atrair milhares de visualizações, e esse lucro alimenta mais e mais esse ciclo vicioso.

O pior disso tudo é o desrespeito que surge da indiferença. Como assim? Por exemplo, quando alguém perde a vida, ela não é mais um ser humano com uma história e uma família devastada, mas apenas um "caso" a ser analisado. O sofrimento das vítimas e das pessoas ao redor é irrelevante quando o que está em jogo é a busca por mais detalhes para satisfazer a curiosidade mórbida de uma sociedade desensibilizada.

Infelizmente, isso não é algo novo, mas agora está mais visível do que nunca, com as redes sociais oferecendo um palco para que essas tragédias sejam compartilhadas e comentadas em tempo real, a diferença, talvez, seja que nunca foi tão fácil se distanciar da dor alheia e tratá-la como um mero produto de consumo. A empatia se perde em um mar de likes e visualizações, onde o que importa é o choque, a curiosidade, e não a realidade dolorosa que cada tragédia carrega.

É impossível negar: a sociedade hoje tem um fascínio por crimes reais, e esse fascínio, embora camuflado em uma aura de "curiosidade", é na verdade uma busca por algo que em algum nível preenche uma lacuna em nossa própria percepção da vida. As pessoas se atraem por esses casos porque elas sabem que há algo de macabro e "perigoso" ali, algo que os faz sentir emoções intensas. Mas o pior é que muitas delas não item essa atração, e muitas nem percebem o quanto ela está enraizada em seu comportamento.

Parece até que, se um dia não houvesse mais mortes ou crimes, a sociedade perderia sua razão de existir. Esse vazio geraria desespero, pois a necessidade de consumir a dor alheia se transformaria em um vício sem fonte de abastecimento. Uma coisa é certa, as pessoas enlouqueceriam!

Ao olhar para tudo isso, fica claro que não podemos culpar apenas a mídia, pois, no final das contas, ela é reflexo do que o público quer ver. A sociedade tem uma participação ativa no tipo de conteúdo que consome e, ao fazê-lo, alimenta ainda mais esse ciclo vicioso, e enquanto continuarmos a tratar a dor humana como uma história de suspense ou um filme de terror, as vítimas continuarão sendo desumanizadas, e o sofrimento seguirá sendo apenas mais uma "novidade" para se consumir.

• Comentário em apoio a um massacre escolar: