Capítulo 11 - O Peso da Honra

Os Restos da Tempestade

Com a vitória no estreito consolidada, o navio das Ilhas de Ferro seguiu para águas mais calmas. Os poucos sobreviventes dos navios mercenários foram recolhidos e acorrentados ao lado dos prisioneiros de Tarth. A atmosfera era de triunfo, mas também de exaustão.

Voryn se manteve afastado da celebração dos homens. Observava o mar, silencioso, enquanto a brisa da manhã trazia o cheiro de madeira queimada e sal. Dagor aproximou-se, trazendo um odre de rum.

“Garoto, você ganhou hoje. Não deixe o mar roubar a glória antes de aproveitá-la.”

Voryn pegou o odre, mas não bebeu. “As vitórias têm um gosto amargo, Dagor. Cada homem que afundamos tinha uma história, um propósito.”

Dagor riu. “O mar não se importa com histórias, só com sobreviventes. Lembre-se disso.”

Uma Decisão Difícil

Na sala do capitão, Voryn foi chamado para discutir o destino dos prisioneiros. O capitão traçava rotas no mapa, seus olhos experientes avaliando cada detalhe.

“Temos cativos valiosos,” disse ele, sem levantar o olhar. “Aquele mercador de Tarth pode nos render um bom resgate, mas o que faremos com os outros?”

Voryn hesitou. “Eles não têm valor estratégico, mas matá-los seria… desnecessário.”

O capitão ergueu uma sobrancelha. “Desnecessário? Somos homens de ferro, Voryn. Não fazemos favores. Se os deixarmos viver, podem voltar para nos caçar.”

“Ou podem espalhar o medo do que enfrentaram,” respondeu Voryn. “Às vezes, poupar é mais poderoso do que destruir.”

O capitão encarou Voryn por longos segundos antes de assentir. “Muito bem. Que assim seja. Mas lembre-se: a misericórdia tem um preço.”

A Entrega

Dias depois, o navio ancorou em outra enseada das Ilhas de Ferro, onde os prisioneiros seriam negociados. O mercador de Tarth foi levado ao convés, seus olhos avaliando a situação com cautela.

“Qual é o preço para minha liberdade?” perguntou ele, direto.

Voryn respondeu calmamente. “Isso dependerá de quanto sua família valoriza você. Enviaremos uma mensagem, mas se não pagarem…” Ele parou, deixando a ameaça pairar no ar.

O mercador sorriu, desafiador. “Você sabe que homens como eu sempre têm um preço. Mas me diga, homem de ferro, qual é o preço da sua alma?”

A pergunta ficou no ar, e por um momento, Voryn não soube o que responder.

Reflexões na Noite

Naquela noite, Voryn novamente se encontrou sozinho na proa. O céu estava limpo, repleto de estrelas, mas ele sentia o peso das escolhas que fizera. A vitória no estreito, os prisioneiros, a negociação – tudo isso parecia distanciá-lo cada vez mais de quem ele fora.

Dagor surgiu novamente, como sempre, com seu humor cortante. “Ainda pensando demais, garoto? O mar não gosta disso.”

“Eu me pergunto se estou no caminho certo,” itiu Voryn.

“O caminho certo é o que mantém você vivo,” respondeu Dagor, olhando para o horizonte. “Mas, se quer ser mais que um sobrevivente, terá que carregar o peso disso.”

O Retorno à Luta

Antes que Voryn pudesse responder, o grito do vigia ecoou novamente. “Velas à vista!”

Desta vez, eram dois navios grandes, com velas vermelhas e douradas. Os Lannisters estavam atrás deles, e desta vez, não viriam com mercenários.

O capitão subiu ao convés, sua expressão endurecida. “Preparem-se, homens. Parece que o leão veio caçar o kraken.”

Voryn pegou sua espada e respirou fundo. Ele sabia que o que estava por vir seria diferente de tudo que já enfrentara.

Enquanto o navio se preparava para a batalha, uma certeza crescia em seu coração: o verdadeiro teste ainda estava por vir.