![A Noite da Lua Cheia-[C]
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Na pequena vila de São Lourenço, encravada entre montanhas escuras e florestas dens](https://image.staticox.com/?url=http%3A%2F%2Fpm1.aminoapps.programascracks.com%2F9396%2F92c07c7f18d6cb03200069ed5cfe6edff543928br1-720-960_hq.jpg)
Na pequena vila de São Lourenço, encravada entre montanhas escuras e florestas densas, as noites de lua cheia eram temidas. Não era apenas superstição; os mais velhos contavam histórias de desaparecimentos, uivos que não pertenciam a lobos e sombras que se moviam sob a luz prateada. A lua cheia, diziam, despertava algo antigo, algo que não deveria ser perturbado.
Clara, uma jovem de 19 anos, recém-chegada à vila para cuidar da casa de sua falecida avó, não dava ouvidos às histórias. "Bobagens de interior", pensava, enquanto organizava os pertences empoeirados da avó. Naquela noite, porém, a lua cheia pairava no céu como um olho pálido e vigilante, iluminando a floresta com um brilho sobrenatural.
Clara estava sozinha na casa, um chalé de madeira cercado por pinheiros altos. O silêncio era quebrado apenas pelo crepitar da lareira. Ela lia um livro antigo que encontrara no sótão, com anotações estranhas da avó: "Não saia na lua cheia. Ele vê. Ele chama." Clara riu, mas um arrepio percorreu sua espinha quando o relógio marcou meia-noite.
De repente, um uivo longo e gutural ecoou pela floresta. Não era um lobo — era algo mais profundo, mais humano, mas ao mesmo tempo desumano. Clara fechou o livro e olhou pela janela. A lua parecia maior, quase pulsando. Então, ela viu: uma sombra alta e disforme movendo-se entre as árvores, com olhos que brilhavam como brasas.
Seu coração disparou. Ela trancou a porta e apagou as luzes, tentando convencer-se de que era apenas sua imaginação. Mas os os vieram. Lentos, pesados, arranhando o chão do lado de fora. Algo bateu na porta — uma batida deliberada, como se soubesse que ela estava lá.
— Clara... — uma voz rouca sussurrou seu nome do outro lado da madeira. Era impossível, ninguém sabia que ela estava ali. A voz parecia vir de dentro da casa, dentro dela mesma, ecoando em sua mente.
Ela correu para o quarto, trancando-se, mas o som dos os a seguia. O uivo voltou, agora mais próximo, misturado com um riso baixo e distorcido. Clara pegou o celular, mas não havia sinal. A luz da lua entrava pela janela, e, por um instante, ela viu seu reflexo no vidro. Mas não era ela. Seus olhos no reflexo eram vermelhos, e sua boca se abria em um sorriso cruel.
A porta do quarto rangeu, abrindo-se lentamente, embora estivesse trancada. A sombra estava lá, alta, com garras que arranhavam o chão. A última coisa que Clara ouviu foi o uivo, agora dentro dela, enquanto a lua cheia observava, imível.
Na manhã seguinte, a vila estava silenciosa. A casa de Clara estava vazia, a porta escancarada, o livro da avó aberto na página com um último aviso: "A lua cheia não perdoa os curiosos."
E, naquela noite, quando a lua voltou a brilhar, um novo uivo ecoou pela floresta.
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