*O Último*
Eu jogo para fora todo o lixo que está apodrecendo
o lado de dentro, expulso o que incomoda
mesmo que ainda seja precioso.
Fico longe do que machuca,
mas uso como escudo para proteger
o que resta de mim.
Sangro minha alma, tentando me limpar
desse lugar assombrado
onde a dor e a angústia se escondem.
Mas ainda me sinto sujo,
manchado pelas sombras do ado.
O último suspiro,
o último esforço,
o último adeus.
Sempre penso...
Será que é o último?
Vivo cansado de acabar o dia
me sentindo inútil,
pensando em como poderia ter sido melhor,
esquecendo que não sou perfeito
e ficando cada vez pior.
Quero dias produtivos,
quero me sentir orgulhoso,
mas sem ignorar os que não me sinto vivo,
atolado no fundo do poço.
Quero o querer, desejar o próximo dia
e viver cada um após o outro,
sem medo de cair,
sem medo de falhar.
Mudo tudo,
mas nada muda.
Ou será que muda?
Será que estou apenas
cegamente caminhando
em círculos?
Posso ser muito e acredito,
só não posso desistir
e me manter deprimido.
Esse é o último
e eu acredito!
Vou longe,
sem olhar para trás,
sem medo de mim mesmo.
Vou longe e nem por mim serei impedido.
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