☪ 𝂅 𝖢𝗋é𝖽𝗂𝗍𝗈𝗌:
𝕮𝖺𝗉𝖺 𝂅 𝕰𝗌𝗍𝖾́𝗍𝗂𝖼𝖺 𝂅 𝕬𝗎𝗍𝗈𝗋
𝐗𝐕. · 𝗕𝗶𝗲𝗻𝗏𝖾𝗇𝗎𝖾 .𖤐🈖̸
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𖤝 ◌. ◌. ◌.
![Episodio 2 - Olhos Negros-[B]
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─ 𝂅 𝂅 ✿𝆬 ٬ 𝖮 𝗶𝗻𝗳𝗲𝗿𝗻𝗼 𝗍𝗋𝖺𝗇𝗌𝖼𝖾𝗇𝖽𝖾 𝖺 𝗹𝘂𝘇... ٫
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┈───────┈ ٬٬ 𖤝 𝖯𝗅𝗎𝗇𝗀𝖾𝖽 𝗂𝗇𝗍𝗈 𝗗𝗮𝗿𝗸𝗻𝗲𝘀𝘀
𝐈.⠀⠀⠀⠀⠀𝗦𝗂𝗇𝗈𝗉𝗌𝖾:
☪ ─ Em um mundo onde o mal se esconde nas sombras da mente e da realidade, Alex é tomado por uma força obscura e comete uma série de assassinatos brutais sob a influência de uma entidade chamada Roxy. Dominado pela culpa e pela fúria, ele confronta a criatura que o manipulou, apenas para ter uma visão inesperada: um jovem desconhecido, empunhando uma espada, promete que um dia o ciclo de terror será quebrado.
Tomado por um último lampejo de esperança e desejo de libertação, Alex incendeia a casa e a si mesmo, jurando confiança naquele garoto enigmático. Mas seu sacrifício é em vão — Roxy não morre. Em vez disso, arrasta a alma de Alex diretamente para o inferno, rindo enquanto as chamas consomem tudo.
Do outro lado da realidade, Nicolas, um adolescente comum, desperta abruptamente de um sonho terrível. Assombrado por imagens que não consegue explicar e por um homem queimando vivo que gritava seu nome com fé desesperada, Nicolas começa a se questionar: quem ele é de verdade... e o que o destino espera dele?
Entre o terror e a redenção, uma nova história começa — onde o ado clama por vingança, e o futuro pode ser a última chance de derrotar o mal.
ˑ⠀⠀ㅤㅤㅤㅤ⠀ㅤˑ⠀ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ⠀ˑ
☾ ☾ ☾ ┈───────────┈
┈───────┈ ٬٬ 𖤐 𝗠𝗮𝘁𝗮𝗿 𝗈𝗎 𝗌𝖾𝗋 𝗺𝗼𝗿𝘁𝗼.
𝐈𝐈.⠀⠀⠀⠀⠀𝗚𝖺𝗋𝗈𝗍𝗈 𝖣𝖺𝗌 𝖠𝗌𝖺𝗌 𝗡𝗲𝗴𝗿𝗮𝘀:
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☪ ─ Prólogo – Cinzas de 1942
A primeira a notar o fogo foi uma mulher que morava no alto da colina, a quase dois quilômetros da floresta. Um brilho alaranjado cortava a escuridão como um ferimento aberto no mundo. Em pouco tempo, o céu noturno foi tomado por uma fumaça espessa e negra, que parecia gritar por socorro.
Os bombeiros chegaram tarde. A casa estava reduzida a cinzas. O ar ainda carregava um cheiro metálico e ácido — algo que não vinha apenas da madeira queimada. Algo mais profundo… mais antigo.
Nenhum corpo foi encontrado nos escombros. Nem ossos. Nem dentes. Apenas o vazio.
Até que, dias depois, encontraram o corpo de uma garota nos limites da floresta.
Sozinha.
Abandonada.
Com os olhos ainda abertos.
Ela não morreu no incêndio.
Ela morreu fugindo de algo.
Ou de alguém.
Os oficiais investigaram. Vasculharam arquivos. Interrogaram moradores.
Mas tudo o que obtiveram foram silêncios desconfortáveis, olhares evitados e histórias sussurradas sobre a casa. Sobre risos nas noites erradas. Sobre uma presença que observava de dentro das paredes, esperando.
O caso foi arquivado.
Como se a própria cidade quisesse esquecer.
Mas o mal não se apaga com fogo.
Ele dorme.
E sonha.
E em meio às chamas daquela noite, quando tudo parecia prestes a acabar, uma presença sussurrou algo para o vazio:
“Eu sei que alguém virá. Alguém vai me caçar. Talvez não agora… mas ele está por aí. Eu sinto.”
Uma gargalhada soou entre as cinzas, acompanhada de um último eco:
“E quando ele vier… estarei esperando.”
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2019. O ano em que o mundo “evoluiu”.
Tecnologia floresceu, cidades brilharam, e a humanidade se vangloriou de seus avanços. Mas, por trás das luzes, algo mais escuro crescia.
Mas junto com a modernidade, veio algo mais sombrio: os números de assassinatos cresceram. Violência sem sentido. Pessoas sumindo sem deixar vestígios. E, com isso, perguntas começaram a ecoar não apenas nos becos e noticiários, mas nas almas das pessoas.
Qual é o real propósito da Terra?
Existem anjos? Demônios?
E se Deus existe… por que Ele está em silêncio?
— Nicolas! Acorda! — gritou Clara.
Os olhos de Nicolas se abriram devagar, desfocados. O rosto pálido, molhado de suor, como se tivesse despertado de um pesadelo. A sala de aula ainda estava ali, mas por um instante, ele juraria ter estado em outro lugar. Um lugar escuro... quente... sufocante.
— O que foi...?! — murmurou, encarando a amiga.
— Você vive dormindo na aula! — reclamou Clara, cruzando os braços.
— E a aula vive sendo chata, — respondeu ele com a mesma ironia vazia de sempre.
Ela suspirou. Já estava acostumada. O sinal soou em seguida, salvando Nicolas de mais uma conversa.
Ele saiu da sala rápido, como sempre fazia.
Como se fugir fosse mais fácil do que enfrentar o mundo.
E talvez fosse mesmo.
Lá fora, entre a multidão barulhenta e agitada do recreio, Nicolas seguiu para seu canto favorito — o fundo do pátio, onde a sombra de um velho muro escondia qualquer um que não quisesse ser encontrado.
Ali, ele colocou os fones de ouvido, encostou a cabeça no concreto frio e deixou a música preencher o vazio.
Nicolas não era só mais um garoto estranho.
Era um garoto que se sentia quebrado.
Aos 16 anos, ainda estava no 7° ano.
Já havia repetido duas vezes — e ninguém precisava lembrar disso, embora sempre lembrassem.
Era solitário, mesmo cercado de pessoas.
E todos os dias, carregava o peso de se perguntar se havia algo errado com ele… ou com o mundo.
Ele não se achava especial.
Não se achava nada, na verdade.
Se perguntassem a ele o que mais desejava, não seria fama, dinheiro ou amor.
Seria sorte.
Só isso.
Um mínimo fragmento de sorte. Algo que finalmente quebrasse a repetição silenciosa e sufocante da sua vida.
Mas naquele dia, algo parecia diferente.
Mais frio. Mais calmo.
Como o silêncio antes de um trovão.
— Nicolas...? Hey... — murmurou Clara, já ao seu lado.
Ele não respondeu. Estava em outro lugar — ou talvez entre lugares. Seus dedos se fechavam devagar, os olhos fixos no nada. Algo... o chamava.
E então ele ouviu.
Uma voz que não conhecia. Uma frase sussurrada como se alguém falasse diretamente no fundo da sua mente:
"Eu te amo até o dia do fim do mundo..."
O ar ao redor pareceu mudar. Como se o tempo segurasse o fôlego.
PAF!
Um tapa leve na nuca o trouxe de volta.
— Que foi?! — disse ele, assustado.
Clara apontava discretamente para alguém que os observava. Uma garota do 9º ano. Olhos escuros. Rosto calmo demais para ser comum.
— Ela te deu oi, — disse Clara, com um sorriso travesso.
Nicolas apenas respondeu num tom seco:
— E aí, garota.
Nicolas se levantou com os arrastados e seguiu de volta para a sala de aula. As horas seguintes pareciam correr num tempo diferente. Enquanto os professores explicavam conteúdos e os colegas falavam e riam ao redor, ele apenas existia — ali, preso dentro de si mesmo, como se seu corpo estivesse presente, mas sua mente, trancada em outro lugar.
Quando o último sinal soou, ele foi o primeiro a sair.
O céu estava cinzento, carregado de nuvens pesadas que não deixavam o sol escapar. O vento sussurrava pelas árvores da rua da escola, frio e persistente.
Mas havia algo mais naquele ar. Um peso. Uma sensação que fazia o coração acelerar sem explicação.
Alguém o seguia.
Ele sentiu.
A cada o, a sombra atrás dele parecia se aproximar mais, sem pressa, mas inevitável. O silêncio em volta se tornava mais denso. Até que ele não aguentou.
Parou.
Virou-se bruscamente.
E a viu.
A garota do recreio.
Estava parada no meio da calçada, a poucos metros dele. Imóvel. Como se já estivesse esperando por esse momento.
— O que você quer? — disparou Nicolas, tentando conter o desconforto na voz.
Ela não respondeu de imediato. Apenas o observava. Seus olhos eram castanhos escuros, mas pareciam mais profundos que qualquer escuridão comum. Havia algo ali que não pertencia ao cotidiano, algo antigo, quieto e perturbador.
— Parece preocupado com algo, — disse ela, enfim, com um tom suave, quase gentil. — O que foi?
— Não interessa! — retrucou ele, girando nos calcanhares e acelerando o o.
Mas os os dela o seguiam. Constantes. Sem pressa, mas sempre atrás.
Como uma lembrança que ele queria esquecer, mas que se recusava a desaparecer.
Nicolas apertou o o. Desviou de calçadas, dobrou esquinas. Mas ela sempre estava lá.
Como se conhecesse cada movimento dele.
Como se… estivesse dentro dele.
Irritado, ele parou de novo, respirando fundo, virando-se com os olhos flamejantes de raiva.
— Vou perguntar só mais uma vez… o que você quer?!
A garota não se abalou. Apenas o olhou com aquela mesma calma inquietante.
— Você está machucado, não está?
Nicolas ficou em silêncio. As palavras dela o atingiram em cheio.
Como se ela tivesse enfiado a mão no peito dele e apertado algo que ele escondia há muito tempo.
Ele desviou o olhar.
— O que quer dizer com isso?
— Seu olhar… — continuou ela, se aproximando um o, ainda sem ameaçar. — Quando eu o vi pela primeira vez, percebi. Você carrega algo dentro de si. Uma raiva abafada. Uma tristeza contida. Seus olhos não escondem isso, mesmo que você tente. Eles gritam. E você finge não ouvir.
Nicolas sentiu o ar escapar por entre os lábios. Sua garganta estava seca.
Ninguém nunca havia dito aquilo.
Ninguém nunca olhara para ele… assim.
— Talvez… — murmurou, ainda tentando manter o controle. Ele ergueu os olhos para encará-la.
E se perdeu.
Os olhos dela não eram apenas escuros.
Eram como poços — profundos demais para se ver o fundo, calmos demais para serem seguros.
— São belos, — ela disse de repente, e seu tom mudou. Tornou-se mais suave, quase entristecido. — Entre todos os olhos castanhos escuros que eu já vi, os seus são diferentes. Carregam coisas demais. Como se tivessem chorado séculos sem derramar uma lágrima.
Ele não respondeu. Não sabia o que dizer.
Ela continuou:
— Você finge que não sente. Mas sente tudo. E por isso se fecha. Porque acha que ninguém entenderia.
Nicolas desistiu de fugir.
A garota, de alguma forma, o compreendia. E isso o assustava mais do que qualquer perseguição.
Eles começaram a caminhar juntos. Lado a lado, sem combinar nada, sem falar mais. A cidade ao redor parecia desaparecer.
Só havia os dois e aquele silêncio espesso entre eles.
Ele ainda não sabia o nome dela.
E ela parecia não se importar em dizer.
Mas algo nela… algo naquela presença… dizia que ela sabia muito mais do que deixava transparecer.
E Nicolas, mesmo sem entender por quê, sentia que aquele encontro não era por acaso.
Era destino. Ou pior... era o começo de algo inevitável.
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Com o ar dos dias, o improvável aconteceu. Nicolas e Laura começaram a se aproximar. Ele, calado e sempre distante, não era do tipo que entregava palavras fáceis — mas havia algo no olhar daquela garota que o desconcertava. Ela não o olhava como os outros. Não havia desprezo, nem curiosidade venenosa, nem o julgamento que ele já havia aprendido a reconhecer de longe. Havia… interesse. Um silêncio genuíno. Uma espécie de paz que ele não sabia nomear.
Laura, por sua vez, não sabia explicar por que se importava tanto com aquele garoto. Nicolas era tudo o que as pessoas evitavam: fechado, ácido, imprevisível. Os colegas cochichavam pelas costas dele. Chamavam-no de nojento, de estranho, de aberração. Alguns tinham até coragem de dizer em voz alta: “monstro”. Mas quanto mais ela ouvia os sussurros e o veneno da escola, mais ela entendia a revolta contida que via nos olhos dele. Aquela raiva não era gratuita — era cicatriz. Uma raiva que nasceu do abandono, da exclusão, da crueldade cotidiana de uma sociedade que despreza o que não compreende. E isso fez Laura continuar tentando. Um pouco por empatia, um pouco por teimosia, e talvez… talvez por algo mais.
No início, Nicolas respondia com frases curtas. Um “não sei”, um “tanto faz”, um “foda-se”. Mas mesmo com as portas fechadas, Laura ficava. E o tempo, paciente e cruel, foi quebrando os muros. Ele começou a soltar palavras. Depois, sorrisos. Até que, um dia, sem perceber, riu de verdade.
E quando percebeu… já estava apaixonado.
O pedido veio num fim de tarde nublado. Estavam sentados no pátio vazio, onde a grama já crescia por entre as frestas do concreto. Ele não a olhou nos olhos — olhava o chão, ou talvez olhava dentro de si, onde o medo e a vontade duelavam. E então disse, com a voz baixa, mas firme:
— Eu gosto de você. Quer namorar comigo?
Laura piscou, surpresa. Por um segundo, tudo parou. Até o vento pareceu respeitar aquele momento. Ela sorriu de canto, com aquele jeito doce e triste que só ela tinha, e respondeu com sinceridade:
— Quero.
Poderia ser um começo simples de amor adolescente. Mas o mundo não gosta de histórias felizes quando elas não seguem o roteiro.
Assim que os alunos da escola descobriram sobre o relacionamento, o inferno se abriu. Risos. Murmúrios. Olhares. Comentários sujos nos corredores. “Sério que ela tá com ele?” “Merece coisa melhor.” “Aquilo é um psicopata.” “Imagina beijar uma coisa daquelas.”
Mas Nicolas não ligava. Na verdade, ele parecia alimentar-se do desprezo alheio. A cada ofensa, sua resposta era seca, obscena e carregada de desprezo:
— Chupem minhas bolas.
Ele dizia isso com uma serenidade absurda, como quem já havia ado por tempestades piores. Como quem sabia que essas pessoas eram apenas ecos vazios de um sistema apodrecido. Para ele, aqueles alunos eram almas mortas, corpos ocos, bonecos sociais. Não havia motivo para se importar com o que eles diziam — não mais.
E no meio daquele caos de vozes podres e risos ácidos, algo puro nascia entre ele e Laura. Um amor real. Cru. Sem máscaras.
Eles aram a se encontrar fora da escola. avam tardes inteiras falando sobre tudo e, às vezes, sobre nada. Riam pouco, mas quando riam, era verdadeiro. Laura começou a descobrir mais sobre os gostos de Nicolas — filmes, livros, músicas que gritavam em silêncio. Mas havia algo que a intrigava mais: a obsessão dele pelo sobrenatural.
Não era um interesse comum. Ele falava de demônios com a mesma naturalidade com que outros falam de futebol. Falava de entidades, de dimensões ocultas, de espíritos presos, de vozes que às vezes ouvia quando estava sozinho.
— A realidade é uma mentira confortável, Laura — disse ele certa vez, deitado com ela num chão gelado, olhando o teto como se enxergasse além dele. — Mas tem coisa lá fora. Coisas que espiam a gente. Que tocam nossos pensamentos quando estamos dormindo. A maioria das pessoas se cega porque não aria a verdade. Eu vejo o que ninguém quer ver.
Laura não sabia se era verdade ou loucura. Mas acreditava nele. Ou pelo menos, acreditava que ele acreditava. E isso bastava.
Com o tempo, ela começou a notar coisas estranhas também. Sussurros nos corredores quando estavam sozinhos. Mudanças bruscas de temperatura. Uma sensação de estar sendo observada, mesmo em seu quarto. Era como se ao se aproximar de Nicolas, ela tivesse cruzado uma fronteira invisível. Como se amar aquele garoto fosse entrar num mundo onde as sombras não apenas existiam — mas tinham olhos.
Mesmo assim, ela ficou.
Porque mesmo com os pesos, mesmo com o clima denso, havia um brilho nos olhos dele que ninguém mais via. Um brilho que dizia: "eu já estive no abismo… e mesmo assim, escolhi te amar."
E Laura… escolheu cair com ele.
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— Se eu te mostrar uma coisa... promete não surtar? — Laura falava em um tom baixo, quase sussurrado, os olhos ansiosos e um tremor evidente em sua voz. Ela parecia temer tanto a reação dele quanto o que estava prestes a revelar.
— Claro... pode mostrar. — A voz de Nicolas hesitou. Assim que respondeu, um frio cortante atravessou seu peito. Algo estava errado. A atmosfera ao redor deles parecia ter se enegrecido. Era como se milhares de olhos os observassem pelas sombras.
— Consegue senti-los? — perguntou Laura, agora sentada na cama, com a cabeça abaixada, evitando o olhar dele.
Nicolas tentou sorrir, mas seus olhos se arregalaram ao ver oito silhuetas monstruosas, corpos disformes e sombrios, cercando Laura em um círculo silencioso de presença maligna. Ele se levantou num salto.
— Que porra é essa!? — rosnou, encarando as entidades. — Vem pra cima, seus lixos!
— Eles não vão te atacar... — Laura mal conseguia respirar, sua pele estava pálida. — Sua energia... é intensa demais...
Foi nesse instante que Nicolas finalmente entendeu. Aquela... não era Laura. Não completamente.
— Quem é você? — murmurou ele. E foi então que notou: ao lado da cama, o colchão estava afundado, como se alguém invisível estivesse sentado ali.
— Lucas... eu sou um anjo. — A voz ecoou por toda a sala, mas não saía da boca da garota.
Nicolas encarou os demônios. Eles rosnavam, avançando um o e recuando dois — como se sua presença os queimasse.
— Para! Você está o irritando! — Laura implorava para algo que Nicolas ainda não conseguia ver.
— Quem!? — gritou ele.
O mundo escureceu. Tudo ao redor se desfez como vidro sendo engolido pelo vazio. Silêncio. Apenas ele, flutuando no nada.
— Ahn...? Onde eu estou?
Risos. Milhares de risos. De crianças, de velhos, de criaturas sem nome. Ele girava no ar, procurando alguma forma de escapar.
— Quem está aí!? Apareça, seu desgraçado!
— Sempre as mesmas perguntas... Quem é você? Onde estou? — zombou uma voz grotesca.
— Tá tão piadista assim, filho da puta? Morreu com o Bozo enfiado no cu?!
E então, ele surgiu. Um rosto colossal e grotesco, olhos negros com contornos vermelhos como sangue vivo. A raiva e ganância transbordavam daquele olhar.
— Quem caralhos é você!?
— Vocês sempre tentam me encontrar... mas nunca querem me ver quando a escuridão chega. [Ic]— A criatura começava sua fala sombria — Tentam dizer meu nome, mas temem pronunciá-lo nas noites de lua cheia...
— MIMIMI. FALA LOGO, INFERNO!
A entidade sorriu. Um sorriso que arrepiava até a alma.
— Alex.
— Nomezinho de drogado — zombou Nicolas, tentando manter a pose.
O rosto desapareceu, dando lugar a uma figura humana alta, cerca de 1,80m. Usava um terno rasgado e chamuscado. O braço esquerdo e o olho direito estavam ausentes — marcas de algo muito antigo. Algo violento.
— O que fizeram com você...? — murmurou Nicolas.
— O que vou fazer com você será muito pior... criança imunda.
— Que ofensa bosta...
Nicolas tentou atacar. Correu com tudo, mas foi agarrado pelo pescoço e lançado longe. Seu corpo riscou o chão e suas costas arderam como se estivessem pegando fogo. Ele se contorcia, gemia de dor, mas se levantava. Tentou de novo, e de novo, errando os golpes enquanto Alex o feria com facilidade.
— Opa... Vamos de novo, criança. — Alex apontava para seu próprio peito, como um convite cruel. — Me ataque.
O terror começou a se instalar. Nicolas mal conseguia respirar. Sentia-se afogado em pânico.
— O que eu faço...? — sussurrava, perdido. — O que eu faço!?
— ME ATAQUE! — rugiu Alex.
Nicolas fugiu. Correu desesperadamente. O riso de Alex ecoava atrás dele.
— Eu adoro o cheiro do desespero.
Enquanto caía num abismo sem fim, flashes de sua infância o atingiam como punhais. O bullying. Os insultos. A solidão. A morte da ex-namorada por suicídio. Tudo voltava com força total.
— Sempre sozinho... até ela desistir de viver — sussurrou Alex. — Sua namoradinha...
— CALA A BOCA! VOCÊ NÃO SABE DE NADA!
— Não? — A cabeça de Alex apareceu de cabeça pra baixo, flutuando diante dele. — Você odeia esse mundo. E quando sua nova namorada o abandonar também... você vai aceitar o que sente. Raiva. Nojo. Medo.
— Cala a boca... — murmurava Nicolas.
— Largue sua humanidade e se torne um demônio. Aceite o que é.
Nicolas gritou e atacou. Acertou um soco violento em Alex, jogando-o para longe. Com as mãos trêmulas, segurava as almas de Laura e de seus amigos, que Alex havia mostrado antes como troféus de seu poder.
— Eu nunca aceitaria isso!
Mas Alex voltou. Mais sombrio, mais cruel. E dessa vez, ele o golpeou.
Sangue jorrou. A dor foi real.
— Essas... são as almas dos seus amigos. E da sua preciosa Laura. — Ele levantava as garras, ameaçando.
— PARA! NÃO TOQUE NELAS!
— Você é patético.
Mas ao invés de lutar... Nicolas se ajoelhou.
— Não tire mais ninguém de mim... — Sua voz quebrou. — Por favor...
Alex ficou em silêncio. Pela primeira vez, viu alguém suplicar não por si, mas por outros. Nenhum dos mais de dois mil que interrogou agiu assim.
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— NUNCA MAIS... — sua voz reverberava como trovão no vazio — NUNCA MAIS ABAIXE SUA CABEÇA NUM MOMENTO COMO ESSE, SEU DESGRAÇADO! VOCÊ ACHA MESMO QUE ISSO É DIGNO? VOCÊ AJOELHADO, RASTEJANDO COMO UM VERME, CHORANDO PRA MIM!? EU SOU UM DEMÔNIO, SEU MISERÁVEL! EU NÃO TENHO CORAÇÃO PRA SENTIR PENA!
Alex se aproximava lentamente, cada o fazia o chão tremer, sua respiração carregava o cheiro de enxofre e morte.
— Isso aqui, garoto... isso aqui NÃO é um conto de fadas. Você pensa que vai comover o inferno com lágrimas? Que uma súplica salva vidas? ENTÃO ME RESPONDE: SE PEDIR BEM BAIXINHO, SUA MÃE TERIA TE ENTENDIDO? SE PEDIR COM CALMA, A SOCIEDADE TERIA TE ACEITADO? NÃO! ELA IA TE PISAR DO MESMO JEITO!
Alex agarrou Nicolas pelos cabelos, puxando sua cabeça para cima, forçando-o a encará-lo nos olhos — aqueles olhos que pareciam conter todas as tragédias humanas, todo o ódio acumulado do universo.
— Você... você é exatamente o tipo de verme que esse mundo adora esmagar. Sabe por quê? Porque você ainda acredita que ser bom vale alguma coisa! Que se você amar forte o bastante, as pessoas não vão te trair! Que se você perdoar rápido o bastante, elas não vão te destruir!
Alex cuspiu sangue no chão, ainda o segurando.
— Mas sabe o que acontece com os bonzinhos como você? Eles são os primeiros a serem estuprados na guerra. Os primeiros a serem traídos, descartados, silenciados. E enquanto choram... enquanto se ajoelham pedindo "por favor"... os outros riem. Riem da sua dor, do seu amor, da sua esperança. Por que isso é o que eles são, Nicolas: almas podres! E você ainda quer poupar essas almas!?
O aperto nos cabelos de Nicolas ficou mais forte, puxando o garoto para cima.
— Você devia estar gritando, querendo matar! Mas não... você implora! Pede pra eu não tocar em quem você ama como se sua voz significasse alguma merda nesse abismo que é o mundo! E sabe o que me dá nojo? É que você ainda acredita que isso é força!
Alex o jogou de volta ao chão como se fosse um boneco velho. Caminhou em círculos, batendo com a palma da mão na própria cabeça, como se estivesse tentando conter um surto.
— Um fraco... você é só mais um fraco! E sabe o que é pior do que ser fraco? É fingir que ser fraco é nobre! Você acha que alguém vai te respeitar porque você ajoelhou?! Que vão te dar as almas de volta porque você chorou!? VOCÊ ACHA MESMO!?
Ele se ajoelha à frente de Nicolas, a centímetros de seu rosto.
— Não é sua compaixão que vai salvá-los. É sua fúria. É sua vontade de destruir qualquer coisa que ouse tocar quem você ama. E se você não tiver isso... então já perdeu. Já está morto. Só não aceitou ainda.
Silêncio. Nicolas ainda tremia. Alex, então, disse, num tom mais baixo, mais profundo, quase humano:
— Se tudo fosse resolvido com lágrimas... sua namorada não teria se matado naquela noite. Ela chorou também, lembra? Chorou, implorou, gritou por socorro... e ninguém veio.
— Cala a boca... — Nicolas murmurava.
— Você não ouviu? Ela te amava. Mas nem isso salvou ela. Porque amor sem força não vale porra nenhuma.
Alex se levantou, as mãos fechadas em punhos.
— Eu não vim aqui pra brincar de moral. Eu vim te mostrar o que é o mundo real. E nesse mundo, os fracos não só morrem... eles assistem quem amam sendo esmagados primeiro. Porque isso quebra eles por dentro. E aí... aí é só questão de tempo pra se matarem também.
E num último rugido, Alex completou:
— ENTÃO PARE DE SE AJOELHAR! PARE DE SE ESCONDER! PORQUE CADA SEGUNDO QUE VOCÊ PERDE AJOELHADO, É UM SEGUNDO QUE ELES ESTÃO MORRENDO, GRITANDO, E VOCÊ NÃO TÁ LÁ PRA DEFENDER!
As lágrimas finalmente romperam a resistência de Nicolas. Seu corpo tremia. Seus lábios balbuciavam súplicas sem voz, enquanto seus dedos apertavam com mais força aquelas luzes frágeis — as almas dos que ele amava. Ele parecia querer desaparecer ali, como se pudesse se esconder da dor, da vergonha, da verdade vomitada por Alex.
— Por favor... — ele sussurrou, sufocado — não tira mais ninguém de mim... Eu te imploro... por favor... deixa eles em paz... Me deixa em paz...
E ali estava ele: em pedaços. A casca dura que Nicolas carregava todos os dias, cheia de frases ácidas, desprezo pelos outros e um escudo emocional ferrado, tinha rachado. Não havia mais sarcasmo, nem raiva, só desespero puro. Genuíno. Cru.
Alex não se moveu. Só observava. E dentro dele, algo silencioso rugia — não era compaixão. Era algo mais frio. Mais antigo. Experiência.
"Aí está… finalmente ajoelhado. Mas não é só pela dor. É pela culpa. Pela impotência. Ele não chora por si... chora porque acha que falhou com eles. Que não foi forte o suficiente. Que deixou o mundo fazer o que sempre faz: destruir o que ainda presta."
Alex estreitou os olhos.
"Essa dor... é o único batismo real. Eu gritei com ele, o arrastei até esse abismo porque sei que esse mundo não aceita pureza. E se esse moleque quiser salvar alguém, vai ter que morrer e renascer com dentes afiados. Eu fui cruel, sim... mas se eu não mostrasse isso agora, algum desgraçado faria pior. Com uma arma apontada pro crânio de quem ele ama."
Alex apertou os punhos. Sua mandíbula rangia.
"Chore, garoto. Engula esse sangue, essa sujeira. Porque se quiser sobreviver... se quiser proteger alguém... nunca mais poderá ser esse mesmo menino chorando no chão."
Mas então, algo quebrou o fluxo dos pensamentos do demônio.
Nicolas ergueu a cabeça.
Os olhos ainda marejados, mas algo ali... algo havia mudado. Não era coragem. Era convicção.
— Eu... eu nunca aceitaria isso — sua voz saiu trêmula, mas firme, enquanto ele se levantava — você pode falar o que quiser, gritar, me arrastar pro inferno. Mas eu... eu nunca vou deixar mais ninguém ser levado.
E num impulso, Nicolas se lançou.
Não como um guerreiro. Não como um herói. Mas como um adolescente ferido, quebrado, que já não tinha mais nada a perder. Era um ataque desesperado — sem técnica, sem poder. Mas era sincero. Cheio de dor e de amor.
"É isso..." pensou Alex. "Ele nem sabe o que está fazendo, só corre... como se o corpo se movesse sozinho. Um instinto primitivo... de proteger, nem que morra no processo."
Nicolas correu com tudo. Alex se preparou para esmagá-lo de novo. Suas garras se ergueram como lâminas negras. Ele sorriu — um sorriso quase triste.
— Um ataque desesperado... é só isso que você tem?
E então ele golpeou.
As garras de Alex cortaram o ar num arco preciso. Um ataque fatal.
Mas Nicolas — com um reflexo bruto e selvagem — se abaixou no último segundo. O corte rasgou o nada. E antes que Alex pudesse entender, um soco atravessou o queixo do demônio com força explosiva, jogando-o longe, como uma sombra arrancada da realidade.
Alex rolou pelo chão com o impacto, surpreso, enquanto via Nicolas correr até onde as almas estavam flutuando. O garoto as agarrou com ambos os braços, apertando contra o peito com tanta força que parecia querer fundi-las ao próprio corpo.
— Eu não vou... deixar vocês irem...
Alex, de joelhos, olhava aquilo com uma expressão diferente. Não era raiva. Não era frustração. Era espanto.
"Entre 2.120 pessoas que interroguei... entre adultos e adolescentes... ninguém. Ninguém, em todos esses anos, teve esse tipo de impulso. Sempre aceitavam a morte dos outros para preservar a si mesmos... mas ele..."
O demônio olhou para suas mãos queimadas, depois para o garoto ajoelhado diante das almas.
"Ele se ferrou inteiro só pra proteger os outros. Ele chorou, sim. Mas não por covardia... Chorou porque ama. E mesmo assim... mesmo assim ele lutou. Isso... isso é raro. Isso é real."
Alex se ergueu devagar. Pela primeira vez, sem pressa.
"Eu vejo um potencial e uma bondade nessa criança... uma luz que o mundo não tolera. Uma centelha que será esmagada, cedo ou tarde. Mas... que brilho maldito e lindo enquanto dura."
Num piscar de olhos, tudo se desfez.
A escuridão se evaporou. Os demônios sumiram. As almas se dissiparam em partículas suaves de calor.
E Nicolas, ainda de joelhos, viu Laura abrir os olhos.
— Laura! Ei, ei! — sua voz saiu trêmula, carregada de medo — você tá bem?
Ela piscou, confusa, como se estivesse saindo de um pesadelo. Antes que pudesse dizer qualquer coisa, Nicolas a abraçou. Forte. Instintivo. Real.
Laura ficou vermelha, surpresa. Era a primeira vez que ele tocava nela assim, com aquele calor desesperado.
— Você... — ela sussurrou.
— Ah... — ele se afastou devagar, pigarreando — foi coisa do momento.
Ela riu baixinho, meio tímida. Mas o sorriso que nasceu em seu rosto era sincero.
Nicolas se levantou. Seu celular apitou.
— Preciso ir — disse, já se virando. Mas então voltou, se inclinou e deu um beijo suave nela. — Até mais, pequena.
Laura o observou sair com um nó no peito. Ela sabia que algo havia mudado dentro dele. Mas não sabia o quê.
E enquanto o garoto caminhava de volta pra casa, o corpo ainda tremendo de exaustão, ele se perguntava se tudo aquilo havia sido real... ou mais uma alucinação.
No banho, tentou não pensar muito. Mas algo queimava dentro dele. Uma lembrança. Um nome.
"Alex..."
E naquela noite, enquanto se deitava, acreditando que poderia simplesmente esquecer tudo aquilo...
Um som ecoou na cozinha. Algo caindo. Pesado.
Ele se virou na cama, já cansado de sentir medo. Olhou de relance para a porta.
E ali estava. O vermelho. O brilho. O olhar.
Alex.
Na escuridão da cozinha, parado, sem se mover. Apenas olhando.
— Ah, não... — murmurou Nicolas.
Virou para o lado, puxou o cobertor.
— Deve ser sonho... de novo...
Fechou os olhos. Mas o cheiro de enxofre ainda pairava no ar.
E o inferno... só estava começando.
![Episodio 2 - Olhos Negros-[B]
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No dia seguinte, à medida que as horas avam, Nicolas começou a perceber que tudo o que acontecia na noite anterior era real. Aquele olho vermelho que o observava na escuridão pertencia mesmo a Alex, e ele o havia seguido. A lembrança o deixou inquieto — parte dele sentia medo, mas outra parte, estranhamente, se sentia viva.
Naquela tarde, Nicolas e Alex começaram a conversar. Aos poucos, algo incomum se formava entre eles: uma amizade entre um humano e uma entidade demoníaca. Essa ligação preocupava Laura. Ela via nos olhos de Alex algo que Nicolas parecia ignorar — uma ameaça silenciosa, disfarçada de companheirismo.
Com o ar dos meses, o vínculo entre Nicolas e Alex se fortalecia. Mas o mesmo não acontecia com sua relação com Laura. Quando a mãe dela descobriu que os dois falavam sobre espíritos e o sobrenatural, decidiu que aquilo precisava parar. Mesmo assim, Nicolas e Laura seguiram juntos, agora em segredo.
Chegaram as férias de julho. Laura iria ar um tempo com a melhor amiga de Nicolas, em outra cidade. Antes da despedida, ela parecia hesitante.
— Bom, não posso te impedir… — disse ela, os olhos fixos nos dele.
— Você promete que vai ficar bem? — perguntou, desviando o olhar para Alex, que observava à distância. — Alex não é uma coisa boa, Nicolas… Mas, se você diz que o controla…
— Ele não faria nada com você. — respondeu com firmeza.
Laura então tirou de seu pescoço um colar de pedra ônix. Com delicadeza, prendeu-o ao redor do pescoço de Nicolas.
— Ele fica perfeito em você. — sorriu, com tristeza nos olhos. — Eu prometo cuidar dele.
O sinal tocou. O beijo que compartilharam foi breve, mas intenso, como se selasse uma promessa silenciosa. Em seguida, Nicolas partiu para casa.
No caminho, porém, algo mudou. O ar ao seu redor ficou pesado, quase sufocante. Ele sentia uma presença atrás de si, mas era diferente da energia de Alex — era mais densa, mais antiga, e infinitamente mais assustadora.
Num piscar de olhos, tudo escureceu. O mundo ao seu redor desapareceu.
Ele estava novamente no vazio.
Mas, dessa vez, sons quebravam o silêncio: garras arranhando metal — lentas, arrastadas, como se algo estivesse prestes a emergir da escuridão.
– Ora, ora... Que criança adorável. Foi você quem atacou meu amigo Alex?
Nicolas, ofegante, nota que pisou em algo. Ao olhar para baixo, um calafrio percorre sua espinha — estava sobre um cadáver. Levanta os olhos, e ao redor, uma paisagem de horror: milhares de corpos ensanguentados, retorcidos, empilhados como entulho humano.
Então, diante dele, dois olhos roxos se aproximam, cintilando no escuro. Três garras negras se arrastam pelo chão como foices vivas.
O cheiro de sangue pairava no ar como fumaça densa. O chão, coberto de corpos, parecia pulsar como um organismo vivo. Nicolas sentia seu coração bater com uma força descomunal, como se o mundo ao seu redor gritasse por desespero. Mas ele não podia se dar ao luxo de cair.
– Serei bondoso... três segundos para correr.
Roxy ergueu lentamente uma das mãos. Suas garras negras tilintavam como lâminas em atrito. A cada palavra, sua voz era uma corrente que puxava Nicolas para um abismo.
– Um... Dois...
– MERDA! MERDA! ALEX, CADÊ VOCÊ?!
O chão sob os pés de Nicolas tremia. Quando ele olhou para cima, era tarde demais.
O demônio já estava diante dele.
Roxy agarrou seu pescoço com uma única mão, erguendo-o do chão como se fosse um boneco de pano. A pressão era absurda — os olhos de Nicolas quase saltavam das órbitas.
– Posso me apresentar, criança...? – O sorriso de Roxy se curvou, cruel. – Meu nome é Roxy. Eu só...
CRACK!
Nicolas estalou o joelho com força contra o queixo do demônio. Uma fração de segundo depois, girou e acertou-lhe o rosto com um chute lateral. Roxy cambaleou por um instante.
– Hahahahah! Que resistência deliciosa! Continue... ME ENTRETER!
As garras se fecharam novamente em torno do pescoço do garoto. Ele tentou lutar, mas o aperto aumentava.
– Você sabia que os olhos são a janela da alma? Eu gosto de fechá-las à força... com meus dedos.
Roxy ergueu Laura em uma das mãos, sufocando-a, enquanto na outra uma foice negra surgia como uma extensão viva de sua raiva, pairando sobre os amigos de Nicolas, imóveis, como se presos em algum tipo de feitiço.
– Escolha, criança... Ela ou eles.
A mente de Nicolas rachava sob a pressão.
Os gritos de Laura, abafados.
O som dos batimentos do próprio coração, acelerando.
E aquela voz…
"Escolha! ESCOLHA!"
Mas então… ele sentiu.
Algo frio e metálico em sua mão.
O colar.
– EU ESCOLHO SALVAR TODOS ELES!
Nicolas avançou na direção de Roxy.
O demônio ergueu os braços e, num instante, mãos gigantescas se materializaram das sombras, disparando contra o garoto. Nicolas rolou para o lado, desviando por pouco, e em resposta, lançou um crânio diretamente contra o rosto da criatura. O impacto foi seco.
Aproveitando a brecha, Nicolas saltou — o pé estendido em uma voadora que atingiu em cheio o peito de Roxy, derrubando-o ao chão. Sem hesitar, o garoto montou sobre o corpo do inimigo e começou a desferir socos furiosos em seu rosto.
Mas algo estava errado.
Roxy sorria.
Diferente de Alex, aquele demônio parecia se deliciar com a dor. Seus olhos brilhavam com um prazer sádico, como se os golpes apenas alimentassem sua essência maldita.
Subitamente, as mãos gigantes reapareceram — agora mais rápidas — e agarraram Nicolas pelos ombros, suspendendo-o no ar. Dedos imensos começaram a apertar seu pescoço, tirando-lhe o fôlego.
— Você não pode salvar todo mundo, criança... — rosnou Roxy. — Ou um, ou outro!
A visão de Nicolas escurecia. Ele sentia não só seu corpo enfraquecendo, mas sua alma sendo esmagada, como se estivesse prestes a se apagar.
Foi então que ouviu.
"NÃO DESISTA!"
A voz ecoou em sua mente, poderosa, familiar. Ele queria responder, mas não conseguia. Até que sentiu: uma mão segurando a sua.
O colar que recebera de sua namorada começou a brilhar com uma luz suave. Nicolas, quase inconsciente, sentiu algo em sua mão — algo sólido, quente.
— Não... vou... DESISTIR!
Seus olhos se abriram em um brilho branco intenso, e num único movimento, ele ergueu o braço e cortou as mãos demoníacas ao meio. As sombras dissiparam no ar, e Roxy recuou, perplexo.
Na mão de Nicolas, agora, havia uma espada de lâmina negra, pulsando com uma energia desconhecida.
— Alex não me falou sobre isso... — murmurou o demônio, dando um o atrás.
Nicolas não deu tempo para mais palavras. Avançou com a espada em mãos. Roxy ergueu uma muralha de trevas para se proteger, mas o garoto a atravessou como se fosse papel, deixando rastros de luz e cortes profundos no corpo da criatura.
— O que é isso?! Eu sinto o ar vibrando... não... não é o ar... É o seu coração!
Os olhos de Nicolas brilhavam apenas em branco — puros, intensos, tomados por uma energia positiva. Ele apertou com força o cabo da espada e olhou para Roxy com um novo semblante: coragem absoluta.
— Cansei de você.
Roxy convocou novamente suas mãos gigantes. Elas avançaram como mísseis. Mas Nicolas correu na direção delas, as cortando em pleno ar.
Cada movimento seu era mais rápido, mais preciso. Ele se movia como se estivesse possuído por algo maior — uma força que nem ele compreendia.
— Você... está consciente...? — gritou Roxy, em pânico. — Então como tá se movendo assim?!
O garoto começou a se mover em zig-zag, desviando de cada tentativa de ataque. Em desespero, Roxy conjurou uma lança de sombras e a arremessou, acertando Nicolas no peito. O garoto caiu no chão.
Roxy riu.
Mas, ao se virar, sentiu algo estranho. Olhou para seus braços — haviam sido cortados. Tocou o pescoço — também cortado.
No momento seguinte, caiu de joelhos. A espada de Nicolas estava cravada em seu peito.
— F-Filho da...
— Agora você acredita? — disse uma voz sombria atrás dele.
Alex havia surgido. Com um gesto, ele retirou a lança do peito de Nicolas, e uma energia negra com tons dourados começou a curar as feridas do garoto.
— Como você achou essa criança?! — perguntou Roxy, com raiva.
— É o namorado daquela garota.
Roxy se recompôs — seus braços e cabeça voltaram ao lugar. A espada havia desaparecido.
— Ele vai ser o casulo?
— Existe outra pessoa?
— Onde está o corpo dele?
— Na casa dele.
— Vamos matá-lo agora. Essa criança vai se tornar uma ameaça.
Alex encostou uma garra no pescoço de Roxy, os olhos cheios de fúria contida.
— O único que vai matá-lo... sou eu.
Em silêncio, Alex se sentou ao lado de Nicolas desacordado.
— Vamos fazer os testes com ele.
— Alex... Você vai se arrepender.
— Talvez sim, talvez não.
Então os dois esperam.
O silêncio naquela câmara escura era quase sufocante. Roxy, inquieto, mantinha os olhos fixos no corpo desacordado de Nicolas.
Já Alex... apenas observava. Seus olhos, ocultos por sombras, estavam cheios de algo que nem mesmo o demônio ao seu lado sabia interpretar — seria curiosidade? Nostalgia? Ou talvez... medo?
O garoto respirava com dificuldade, mas ainda estava vivo. E dentro dele... algo começava a despertar.
O que Alex pretende fazer com Nicolas?
Qual o verdadeiro medo que Roxy sente?
E, acima de tudo...Será que nosso herói conseguirá vencer não um, mas dois demônios — enquanto carrega em si a centelha de algo ainda mais poderoso... ou mais perigoso?
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