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ㅤSobre a alma

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⏜𑜝⏜

ㅤSobre a alma-ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
[C]⏜𑜝⏜
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[C]ʀп̵ᴛʜᴇʀ ʙᴇ п̵ ғᴏᴏʟ ᴛʜᴇи п̵ шɪsᴇ ᴍᴇɴ
[C]𝓽𝓱𝓮𝔂 𝓱𝓪𝓿𝓮 𝓪 𝓽𝓮𝓷

ʀп̵ᴛʜᴇʀ ʙᴇ п̵ ғᴏᴏʟ ᴛʜᴇи п̵ шɪsᴇ ᴍᴇɴ

𝓽𝓱𝓮𝔂 𝓱𝓪𝓿𝓮 𝓪 𝓽𝓮𝓷𝓭𝓮𝓷𝓬𝔂 𝓯𝓸𝓻 𝓼𝓾𝓯𝓯𝓮𝓻𝓲𝓷𝓰

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٫ㅤᴀ ʙ s ᴇ ɴ۫ ᴄ ᴇㅤ٬ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ𝓽𝓱𝓮 𝓱𝓲𝓰𝓱𝓮𝓼𝓽 𝓯𝓸𝓻𝓶 𝓸𝓯 𝓹𝓻𝓮𝓼𝓮𝓷𝓬𝓮

ㅤSobre a alma-ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
[C]⏜𑜝⏜
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[C]ʀп̵ᴛʜᴇʀ ʙᴇ п̵ ғᴏᴏʟ ᴛʜᴇи п̵ шɪsᴇ ᴍᴇɴ
[C]𝓽𝓱𝓮𝔂 𝓱𝓪𝓿𝓮 𝓪 𝓽𝓮𝓷

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ㅤ!⠀𑐓🉈ㅤJá foi possível verificar que as crenças podem ser encaradas como qualquer informação que o sujeito acredite, não sendo à toa a ligação etimológica das palavras. Mas, no meio mais comum, existe a crença numa religião, no destino, no 'karma' ou, então, na alma. Neste caso, na sua existência e constituição como tal, sendo algo discutido desde a Antiguidade, muito mais do que pode imaginar. A alma, para aqueles que nela acreditam, independentemente das suas características e função, é uma parte intrínseca da vida humana e, para alguns, até de animais e plantas, seres vivos na sua generalidade. Por outro lado, existem aqueles que colocam absolutamente nenhuma crença na existência da alma, talvez pela ausência de explicação científica ou empírica desta. Vai-se acumulando o ceticismo relativamente a uma suposta substância sem forma que carrega toda a existência do ser. Mas não são esses que nos interessam hoje: vamos voltar às antiguidades antes da ciência evolutiva, do cristianismo e do capitalismo, até aos bons amigos de um filósofo (ou pelo menos um deles), Platão e Aristóteles.

ㅤOra, antes de avançar até esse ponto, convém ter uma breve noção da visão generalizada do conceito da vida ou, no caso, de viver, que está diretamente ligada à concepção da alma. Em que consiste viver? Trata-se de uma experiência resumida em um trinômio de ser, estar e existir. Abordemos a primeira condição da manifestação, o ser (𝘱𝘩𝘢𝘪𝘯𝘰 - φαίνω), ou seja, o direito a aparecer, sendo que podemos afirmar que uma das formas de matar alguém é simplesmente impedi-lo de aparecer. Viver é, sendo assim, o direito a expressar-me, manifestar-me e apresentar-me. Depois disso, o estar (𝘦𝘵𝘩𝘰𝘴 - ἦθος), uma manifestação defendida, ou seja, um estado de finitude que expõe o homem à fragilidade. É estar em uma situação onde também se pode ser encontrado e captar a situação do outro. Por fim, existir (𝘱𝘩𝘢𝘵𝘰𝘴 - πάθος), que será a capacidade de sermos afetados e a devida consciência onde nos apropriamos da nossa própria existência, mas não no sentido de propriedade possessiva, e sim como um determinante. Sendo assim, só existem aqueles que têm consciência da sua própria exposição, pois nem tudo o que é, vive. Lembrando que todas estas propriedades são dependentes umas das outras, não sendo possível a vivência sem a posse de todas elas. Existem, então, duas distinções da vida: vitalidade (fisiologia, energia, "cheio-de-vida") e a vivência (biografia, "vida-cheia"). Enquanto uma trata-se de manter os sinais vitais ativos, a outra fala da vida-em-cheio, ou seja, na sua plenitude. Se formos até ao ponto de vista épico, neste caso de Homero, a vida não deve desejar uma vivência imortal, perguntando o que ganha o ser humano ao prolongar a vida? Afinal, é o simples facto de ela ser finita que pode ser aproveitada com uma intensidade que pode ser apenas invejada pelos deuses. Na obra de Homero, "Odisseia" (Οδύσσεια), o protagonista épico Ulisses recusa a imortalidade, embora a deseje. É reconhecido entre a Antiguidade que a cobiça pela vida eterna acaba de forma trágica e tem um preço inável. A consciência da mortalidade serve ao homem como um catalisador existencial, pois reconhece que somos apenas um momento, uma efemeridade, até mesmo caracterizados como uma simples sombra de agem. E não precisamos de ser mais do que isso.

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٫ㅤᴄ ᴏ۪ ᴍ ғ ᴏ ʀ ᴛㅤ٬ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ𝓽𝓱𝓮 𝓮𝓷𝓮𝓶𝔂 𝓸𝓯 𝓹𝓻𝓸𝓰𝓻𝓮𝓼𝓼

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ㅤ!⠀𑐓🉈ㅤPlatão dispensa apresentações, embora, em caso de desejo do nobre leitor, seria do meu gosto abordá-lo especificamente num futuro, em conjunto a outras figuras pós (e, quem sabe, até as pré) socráticas. O filósofo deixa, desde o início, claro que, para haver influência da sorte e da arte de viver intensamente o pedaço de vida que nos é atribuído, primeiro é necessário ter consciência da nossa própria finitude, não consistindo, então, em viver muito, mas sim viver bem. Por outro lado, os deuses vivem na doce inconsciência do tempo, tratando a longevidade com irrelevância, algo que não deve, de forma alguma, ser cobiçado pelo Homem, pois não se trata de sobreviver para viver mais um dia, sendo isso apenas um prolongamento sem qualidade, perguntando-se até mesmo que preço se paga por esses anos. Mais importante que isso será a resposta à pergunta "O que me espera depois da vida?". Ora, antes de responder a isso, é necessário perceber corretamente aquilo que consiste a vida para Platão, em específico: divide-se entre um exame (a vida pode e deve ser examinada) e um treino para a "morte" (só tem medo da morte quem não se prepara para ela, pois, uma vez feita essa preparação, ela perderá o seu caráter intimidador). Existirão, então, duas formas de morte: a que está associada à vitalidade, tratando-se, então, do fim dos sinais vitais do sujeito; e a morte associada à vivência, que não é algo exterior, mas sim uma morte que deve ser vivida. Este último só acontece caso a vida tenha sido examinada precocemente. Para compreender melhor a noção de Platão relativamente à vida e à alma, é necessário localizar-nos na sua mentalidade, muito típica da época, influenciada pelos mitos e pela adoração aos vários deuses. Existe uma separação entre a eternidade, uma característica divina, e a imortalidade, algo que o ser humano poderá alcançar. Mas, e como se pode ser imortal sem nos apropriarmos da eternidade, característica reservada aos grandiosos?

ㅤExistem, então, duas formas de morrer: "𝘯𝘦𝘬𝘳𝘰𝘴", associado a necro, um elemento de composição que exprime a noção de morte ou cadáver, mas num sentido de uma morte corrompida pela putrefação; enquanto, por outro lado, "𝘵𝘩𝘢𝘯𝘢𝘵𝘰𝘴" (podendo notar-se a raiz de palavras como eutanásia) trata-se de uma morte vivencial/existencial. Em uma das obras épicas de Homero, na Ilíada (Ἰλιάς), ele descreve como a vida é animada através do sopro vital (𝘱𝘴𝘺𝘬𝘩𝘦̂), que também pode significar alma. Então, qual será a destinação da alma? O filósofo diz que há 4 possibilidades para a alma, sendo a primeira o desligamento (𝘭𝘺𝘴𝘪𝘴), ou seja, um corte ou rutura que acontece quando a alma alcança a verdadeira sabedoria e se liberta das paixões do corpo, ascendendo até ao mundo das ideias, onde permanecerá com os deuses. Em seguida, a queda (𝘬𝘢𝘵𝘢𝘴𝘵𝘳𝘰𝘱𝘩𝘦̂), onde se dá a aniquilação/dissolução, que consiste numa punição por uma vida agarrada aos prazeres, onde a alma será reduzida a um ser vivo inferior, como um animal ou até mesmo uma planta. Há também a agem (𝘬𝘳𝘪𝘴𝘪𝘴), que se trata de um período de avaliação/errância, onde a alma a por um momento de purificação antes da sua reencarnação. E, finalmente, o retorno cíclico (𝘢𝘯𝘢𝘬𝘺𝘬𝘭𝘰𝘴𝘪𝘴), sendo o mais comum, e que consiste no facto de a alma ainda não ter se libertado das ilusões do mundo sensível, por isso sendo necessária a sua reencarnação, onde viverá mais uma vida, na qual tem a possibilidade de aprender a desligar-se do sensível. Se você pensa que é coincidência as semelhanças com a noção cristã de agem ao superior ou inferior após uma vida de pecado ou virtude, saiba que, realmente, o cristianismo aproveitou algumas coisas (aquilo que lhe convinha) da filosofia platónica.

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٫ㅤs ɪ ᴍ۫ ᴘ ʟ ɪ ᴄ ɪ࣭ ᴛ ʏㅤ٬ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ𝓽𝓱𝓮 𝓾𝓵𝓽𝓲𝓶𝓪𝓽𝓮 𝓹𝓸𝔀𝓮𝓻

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ㅤ!⠀𑐓🉈ㅤPartimos do pressuposto de que o ideal para a alma será a possibilidade de evoluir até ao mundo das ideias, onde estará na companhia dos deuses, mas, para isso, é necessário um certo imperativo existencial. Trata-se, então, de "examinar-a-vida", se me for permitida a forma heideggeriana de escrever. O exame (𝘴𝘬𝘦𝘱𝘵𝘦𝘪𝘯) é uma "abertura", ou seja, viver sabendo da exposição que isso inclui. Todavia, é necessário reconhecer o limite dessa exposição, ou seja, ajuizar, que será entender os sinais para iniciar uma vida bem concebida. Um desses será exatamente a forma como se encara a morte, já que isso diz muito sobre como se viveu, uma vez que faz parte da vida encarar a morte e entendê-la exatamente como parte dela. É um destino inevitável, podendo entender-se que estamos a morrer desde o momento em que nascemos. No entanto, o próprio Platão reconhece que é uma persuasão difícil, mas não impossível, já que, por natureza, o ser humano não quer falar disso. Sendo assim, a forma mais fácil de impregnar este idealismo nas mentes será através de ações, de uma vida "atestada" (a própria vida torna-se discursiva). Exemplo perfeito disso seria Sócrates, que demonstrou, através da sua aceitação da morte de forma serena, que não tinha qualquer apego ao mundo sensível. Mesmo quando lhe foi oferecida a oportunidade de fugir para um refúgio exilado em vez de enfrentar a pena de morte, ele negou e repreendeu os seus discípulos, alegando que não tinham aprendido nada, pois a morte viria de qualquer forma — do que adiantaria adiá-la para viver mais um ano ou um dia que seja.

ㅤEsta serenidade pode também dever-se ao facto de aquilo que nos espera após a morte ser tanto inevitável quanto desconhecido. A morte não é nem um "𝘰𝘣𝘫𝘦𝘤𝘵𝘶𝘮" nem um "𝘰𝘣𝘴𝘵𝘢𝘤𝘶𝘭𝘶𝘮", pois trata-se apenas de um acontecimento da vida, sendo, então, um "𝘱𝘳𝘰𝘫𝘦𝘤𝘵𝘶𝘮", ou seja, projetada a partir da vida, não se deve fugir, deve-se vivenciá-la. Diz Platão que é ignorante aquele que não se apercebe da falibilidade dos juízos perante o que não se sabe e é inevitável. Mas isso ainda não explica exatamente como se deve viver para estar apto a esse exame, então perguntam-se: como se treina para a morte? É simples: devemos aplicar o "modus vivendi" do filósofo, que consiste num texto vivido da ação. Treinar, ou "𝘮𝘦𝘭𝘦𝘵𝘦̂", é um exercício contínuo, uma insistência em falhar, repetir e falhar melhor. Não se trata de antecipar a morte, mas sim preparar-se para quando ela ocorrer. Deve-se esclarecer que, embora alguns investigadores afirmem o contrário, não existe aqui um dualismo, pois, durante a vida, não se deve cuidar apenas da alma, mas também do corpo — apenas devemos prevenir-nos de cuidar mais do corpo e descartar a alma. Ou seja, não existe uma rejeição ou repulsa ao mundo sensível ou ao corpo; ainda se deve praticar exercício e cuidar da saúde. Platão indica que o medo da morte não é relativamente ao desconhecido, e sim ao que se conhece bem demais (a fama, o dinheiro, etc.), o que não significa que aquilo que se tem de sensível em vida seja negativo — apenas se deve precaver de não lhes dar demasiada importância ou afeição.

ㅤHá, por fim, três "provas" de sobrevivência da alma, sendo a primeira delas o facto de que, se há vida, há morte e, se há morte, então haverá vida — baseando-se na dialética dos contrários, numa reciprocidade obrigatória de que vivemos e morremos, portanto morremos e vivemos. A segunda trata de que apenas o invólucro material (o corpo) fica preso ao mundo sensível, ou seja, no lado anterior da agem, enquanto o restante é filtrado e prossegue. E, em terceiro, a via metafísica, com inspiração em Parménides: no mundo inteligível das ideias, estas são constituídas por atributos eidéticos; são imutáveis, eternas, simples e incorruptíveis. Ora, a alma é "filha das ideias" (congénita) e gerada ao mesmo tempo, portanto ela terá que ser "𝘵𝘩𝘦𝘪𝘢" (divina) e "𝘢𝘵𝘩𝘢𝘯𝘢𝘵𝘦̂" (imortal), o que significa que nem mesmo a morte a vence.

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٫ㅤɪ ɢ ɴ ᴏ ʀ ᴀ ɴ۪ ᴄ ᴇㅤ٬ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ𝓽𝓱𝓮 𝓬𝓵𝓪𝓼𝓼𝔂 𝓻𝓮𝓿𝓮𝓷𝓰𝓮

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ㅤ!⠀𑐓🉈ㅤApesar de ter um discurso tão belo e repleto de ensinamentos de vida, Platão não chega a realmente caracterizar a alma e a sua devida constituição — problema tal que, obviamente, Aristóteles iria notar e aproveitar para desenvolver o seu próprio trabalho. Na obra "𝘋𝘦 𝘈𝘯𝘪𝘮𝘢", o filósofo retrata a alma, atribui-lhe faculdades e destingue-a das restantes filosofias metafísicas relativamente ao assunto. Deixando apenas claro que a escrita dificultosa de Aristóteles, em conjunto com uma tradução mais pobre, pode levar a um entendimento não necessariamente errôneo, mas diferente de detalhes da sua filosofia — portanto, caso tenha ouvido ou lido outras pequenas informações, elas tanto me podem ter escapado quanto simplesmente não serem interpretadas dessa forma. Para compreender esta obra, é necessário responder a três perguntas essenciais: "O que significa 'estar-vivo'?", "O que significa 'viver-a-vida'/'viver-a-vida-de-certo-modo'?" e, por fim, "O que significa 'viver-bem"?", se me permitem a forma heideggeriana de escrita, claro.

ㅤOra, "estar-vivo", do ponto de vista metafísico, traz uma das noções mais cruciais da filosofia aristotélica: todos os seres são matéria e forma, e todos eles têm uma potência e um ato que realiza as potencialidades de um ser. No caso, a matéria está para a potência como a forma está para o ato, tendo-se noção de que a matéria e a forma são as capacidades, e a potência e o ato, a realização das mesmas. Imaginemos: a matéria/forma são o saber, e a potência/ato será o exercício do saber. A substância, por outro lado, será a união da matéria e da forma, entendendo que, no ser vivo, o corpo corresponde à matéria/forma que tem a potência de ser vivo, e a alma é a potência/ato que atualiza essa potência e permite que o corpo funcione, dando-lhe ânimo. É a alma que serve como canalizadora para o exercício da vida, sendo o princípio vital dos seres vivos (todos eles). Aristóteles também contraria a visão platônica da suposta separação da alma do corpo, dizendo que, por definição, a alma fará sempre parte de um corpo e, quando separados, a alma não será mais a mesma, já que é propriedade de um corpo. Enquanto, por outro lado, um corpo sem alma será um corpo sem vida. Também recusa que a alma seja algo que todos têm, além de distinguir almas superiores e inferiores, dependendo das faculdades que esse ser tem. A alma terá, então, 4 faculdades principais: a nutritiva, a sensitiva, a locomotiva e a racional.

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ㅤ𝟭. Nutritiva: capacidade de absorção de alimentos para energia vital, ligada ao crescimento, reprodução e envelhecimento, tratando-se de uma faculdade intuitiva que pertence a todos os seres;

ㅤ𝟮. Sensitiva: percepção, 5 sentidos (visão, audição, tato, paladar e olfato), sendo o tato considerado o mais importante e comum a todos, distinguida também pela dor e prazer, assim como o apetite, que a liga à nutritiva. Pertence a plantas, animais e ao ser humano.

ㅤ𝟯. Locomotiva: capacidade de se deslocar no espaço, de um movimento. Neste caso, já somente pertence aos animais e aos seres humanos.

ㅤ𝟰. Racional: é o entendimento, o pensamento, a compreensão e a capacidade de conhecer a verdade. Própria apenas dos seres humanos, e razão pela qual somos donos de uma alma superior.

ㅤEle faz ainda referência a uma quinta faculdade, que seria uma subcategoria da racionalidade, sendo ela a imaginação, mas, como não tem uma definição específica, concluiu que seria assunto para se abordar posteriormente. Essas faculdades também têm relações de interdependência entre si, pois, por exemplo, sem a nutritiva não existe a perceptiva, ou, sem o tato, nenhuma das outras se dá; todavia, o tato pode existir isoladamente. Além disso, entre aqueles que possuem sensibilidade, uns têm a de locomoção e outros não e, enquanto alguns seres não possuem imaginação, outros são dependentes dela. Mas, para compreender as faculdades, deve-se primeiro saber das ações que as antecedem. No caso, para a nutritiva, primeiro é necessário saber o que é o alimento, saber o que é o sensível ou o entendível.

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٫ㅤs ɪ ʟ ᴇ ɴ۫ ᴄ ᴇㅤ٬ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ𝓽𝓱𝓮 𝓪𝓷𝓼𝔀𝓮𝓻 𝓽𝓸 𝓪𝓷𝓰𝓮𝓻

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ㅤ!⠀𑐓🉈ㅤRelativamente à segunda pergunta, "viver-a-vida" será, então, vivenciá-la de certo modo, não sendo igual a simplesmente ar pela vida, pois isso é associado à biologia. É necessário vivê-la de certo modo para avançar da biologia à biografia. A ética da vida humana a pela auto-realização, deve ser apropriada e com formas livremente escolhidas pelo Homem. Já "viver bem" trata-se de um "Eu Zên" (desassociado do significado atual de zen; na época, significava "bem viver"). O Homem é um "𝘻𝘰𝘰𝘯 𝘱𝘰𝘭𝘪𝘵𝘪𝘬𝘰𝘯", o que quer dizer que, para uma vida boa, precisa dos recursos da amizade cívica e da felicidade, além de almejar alcançar o bem comum. Enquanto virtude individual, para viver bem é necessário viver numa comunidade política, lembrando que a política da época em muito pouco tem a ver com a atual, não devendo ser confundida.

ㅤÉ bastante óbvio que existam outras formas de encarar as possibilidades da alma, mas o crucial é a sua ligação direta com a vida e a forma como a vivemos, podendo isso indicar o tipo de alma que nos consiste, assim como o destino que ela futuramente terá. Então, é de se aconselhar que não viva demasiado ligado ao material, isto é, caso não deseje nascer como uma erva daninha na próxima vida. Obrigada pela atenção e leitura atenta.

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φιλοσοφία τοῦ βίου

ʟɪᴠᴇ ʟᴏɴɢ ᴀɴᴅ ᴘʀᴏsᴘᴇʀ

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ㅤㅤㅤㅤㅤ𝖭𝗈𝗍𝖺𝗌 𝖽𝖾 𝗋𝗈𝖽𝖺𝗉𝖾́:

ㅤ“Se eu digo que o maior bem para um homem é jus-

ㅤtamente este, falar todos os dias sobre a virtude e os

ㅤoutros argumentos sobre os quais me ouviste raciocinar,

ㅤexaminando-me a mim mesmo e aos outros, e que

ㅤuma vida sem esse exame não é digna de ser vivida,

ㅤdificilmente acreditaríeis ouvindo-me dizer tais coisas.

ㅤEntretanto, é assim mesmo como digo, ó cidadãos,

ㅤembora não me seja fácil ser persuasivo nesta ma-

ㅤtéria.

ㅤ[Platão, "Apologia de Sócrates", 38a]

ㅤ“O temer a morte não é outra coisa que parecer ter

ㅤsabedoria, não tendo; parecer saber o que não se

ㅤsabe. Ninguém sabe, na verdade, se por acaso a

ㅤmorte não é o maior de todos os bens para o

ㅤhomem – e, contudo, todos a temem, como se

ㅤsoubessem, com certeza, qual é o maior dos males.

ㅤE o que é senão ignorância (e de todas a mais repro-

ㅤvável) acreditar saber o que não se sabe? Eu, por mim,

ㅤe talvez nisso seja diferente da maioria dos homens,

ㅤdiria apenas isto: não sabendo nada das coisas de

ㅤHades, delas não fugirei. [...] Não temerei nem fugirei

ㅤdas coisas que, por acaso, ou na certa, não sei se

ㅤsão boas ou más.”

ㅤ[Platão, "Apologia a Sócrates", 40c]

ㅤ“Embora os homens não o percebam, é possível que

ㅤtodos os que se dedicam verdadeiramente à

ㅤFilosofia, a nada mais aspirem do que morrer e

ㅤestarem mortos. Sendo isso um facto, seria absurdo

ㅤque, não fazendo o Filósofo outra coisa durante toda

ㅤa vida, ao chegar esse momento, ele mesmo se

ㅤinsurgisse contra aquilo em que tanto se empenhara.

ㅤ[...] Por consequência, ao veres um homem revoltar-

ㅤ-se no instante de morrer, não será isso prova

ㅤsuficiente de que não de trata de um amante da

ㅤsabedoria, antes porém de um amante do corpo?

ㅤE nessas condições, tal indivíduo não será também,

ㅤquase na certa, um amante do dinheiro e da fama,

ㅤse não for de ambos em simultâneo?”

ㅤ[Platão, "Fédon", 64a ss]

ㅤ“De entre os corpos naturais, uns possuem vida,

ㅤoutros, não. Chamamos «vida» à auto-alimentação,

ㅤao crescimento e ao envelhecimento. Todo corpo

ㅤnatural que participa da vida será, consequentemente,

ㅤuma substância, e isto no sentido de substância

ㅤcomposta. E como se trata de um corpo de certa

ㅤqualidade – i.e. um corpo que possui vida –, a

ㅤalma não será o corpo, porque o corpo não está

ㅤentre as coisas que são ditas de um sujeito. O corpo

ㅤantes é sujeito e matéria. A alma, portanto, tem de

ㅤser necessariamente uma substância, no sentido

ㅤde forma de um corpo natural que possui vida em

ㅤpotência. Ora a substância é um acto; a alma será,

ㅤassim, o acto de um corpo daquele tipo.”

ㅤ[Aristóteles, "De Anima", 412a 13-23]

ㅤ“Talvez alguém possa supor que a virtude seja o fim

ㅤda vida política. Todavia, ainda assim afigura-se

ㅤincompleta, pois aquele que possui virtude pode

ㅤachar-se a dormir e em estado inativo ao longo da

ㅤvida, ou até mais do que isso: a sofrer males e a

ㅤar por infortúnios. Ora, ninguém felicitará o que

ㅤvive desse modo, a não ser para defender a todo

ㅤcusto essa tese.”

ㅤ[Aristóteles, "Ética a Nicómaco", I, 5, 1095b 30 –

ㅤ1096a 2]

ㅤ“Existem três bens que dispõem para um conduta

ㅤfeliz, anteriormente referidos como bens supremos

ㅤpara os homens: a virtude, a prudência e o prazer.

ㅤVemos também que há três géneros de vida que

ㅤescolhem viver todos os que têm possibilidade dis-

ㅤso: a política, a filosófica e a de fruição. De entre

ㅤelas, o filósofo pretende dedicar-se a prudência e

ㅤà contemplação da verdade, o político às belas

ㅤações (i.e. àquelas que resultam da virtude), e o

ㅤprazenteiro aos prazeres corpóreos. Por isso é que

ㅤcada um reputa de felizes homens diferentes, como

ㅤtambém já antes foi referido.”

ㅤ[Aristóteles, "Ética a Eudemo", I, 4, 1215a 32 – b 6]

ㅤ“Ora, se calhar não foi apenas para viver, mas sobre-

ㅤtudo para viver bem que os homens se uniram e

ㅤassociaram [...]. É evidente, pois, que todos aspiram

ㅤa viver bem e à felicidade, mas uns têm a possi-

ㅤbilidade de alcançar estas coisas, e os outros não,

ㅤpor causa de uma qualquer sorte ou da natureza

ㅤ(pois viver bem requer determinados recursos, em

ㅤmenor quantidade para os dotados de melhores

ㅤdisposições, em maior para os dotados de piores),

ㅤao o que outros, desde início, não buscam

ㅤcorretamente a felicidade, embora disponham de

ㅤrecursos. Mas visto que o nosso fito é divisar e o

ㅤmelhor regime, e este é aquele segundo o qual uma

ㅤcidade pode ser excelentemente governada, e uma

ㅤcidade é excelentemente governada pelo regime

ㅤque lhe permite ser o mais possível feliz, é evidente

ㅤque não nos deve ar despercebido em que

ㅤconsiste a felicidade.

ㅤ[Aristóteles, "Política", III, 9, 1280a 32; VII, 13,

ㅤ1331b 1-10]

ㅤㅤㅤㅤㅤ ㅤㅤㅤㅤㅤㅤ ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ

          𝂅       ✿゙͜㈞̸   ː 𝖠𝗎𝗍𝗈𝗋𝗂𝖺 𝖾 𝖾𝗌𝗍𝖾́𝗍𝗂𝖼𝖺 𝖽𝖾 𝓜𝗈𝗋𝗀𝖺𝗇𝖺.

ㅤㅤㅤㅤ ㅤ #TeamColumnist

ㅤSobre a alma-ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ
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Há alguns erros na exposição sobre Aristóteles.

A obra De Anima não tem caráter metafísico, antes era incluída tanto por Aristóteles e pelos peripatéticos antigos, quanto pelos escolásticos no Quadrivium liberal ao estudo do ente móvel, o que o próprio Aristóteles define como Física. A razão disso é que a alma simplesmente não possui caráter preternatural intrinsicamente, somente na medida em que é separada corpo (o que constitui, no aristotelismo, uma problemática que só será solucionada por Sto. Tomás), mas a alma é sempre forma do corpo e, portanto, inerentemente associada a uma matéria proporcional. Só se pode dizer que há uma investigação metafísica, talvez, quando Aristóteles examina o caráter do intelecto, e isto ainda de forma imprópria. E é um erro afirmar que a psicologia seja uma ciência constitutiva da metafísica, mas isso é outra questão.

⠀Além disso, há uma confusão de matéria metafísica, notadamente por razões terminológicas. A matéria e a forma não são capacidades, são os constitutivos fundamentais do ente móvel, o que Aristóteles chama de “elementos” no livro V da Metafísica. O ato e a potência não são numericamente unos, como a interpretação do texto parece tender, mas são dois modos de ser apesar de antagônicos secundum quid, complementares in rem, na medida em que a potência é uma possibilidade real de determinação do ente, e o ato a própria determinação do ente a uma forma. O que é dito sobre a substância não está errado, mas é incompleto, pois é possível encontrar no corpus aristotélico diversos trechos onde a substância é ditada analogamente da matéria, da forma e do composto de ambas, sendo a atribuição univoca da razão de substância ao composto tão somente um erro.

⠀Quando comenta sobre a separação da alma do corpo e a suposta negação dessa concepção platônica, há outro erro. Se “por definição” você entende a necessidade da alma estar associada a um corpo como forma, o que é dito se segue, porque a alma é incompletamente especificada (entenda espécie no sentido porfiriano) quando está fora de um corpo, mas não é verdade quanto ao ser, visto que há potências da alma humana que podem subsistir por si próprias, vide o intelecto e a vontade. Além disso, quero destacar que a afirmação “quando separados, a alma já não será mais a mesma [...]” porque a impressão do corpo na alma que perfaz a distinção específica permanece na alma subsistente, o que é corrompido é somente o composto, e isso é explicado quando é dito que as potências sensitivas - órgãos do corpo - permanecem na alma separada, somente não podem atualizar seu ato.

⠀Por último, o que é dito sobre a alma não ser algo que todos tenham é ambíguo. Se está falando da diferença entre os entes animados e inanimados, de fato. Se está dizendo que há homens que não possuem almas, não preciso destacar a falsidade dessa afirmação.

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