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A multidão

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eugenio May 12
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                                          A multidão

Estou no sítio do meu vô depois de tantos anos sem vê-los. Eu não lembrava que aqui no sítio era tão frio, isso que nem estamos no inverno ainda! É bom visitar este lugar – apesar do motivo no qual tive que vir, não tenha sido os melhores. Fui retirado da casa que eu vivia de aluguel e não julgo o homem, qualquer um faria o mesmo.

Eu morava de aluguel em uma casa pequena, mas era apto para uma pessoa só. O problema foi quando eu fui em uma balada com alguns amigos, e fiquei muito bêbado. Não lembro de nada além de acordar em minha casa – eu devia ter feito algo muito idiota, pois um grupo de homens armados sempre disparavam contra o muro da minha casa.

Eles não queriam me matar de fato, pois se quisessem isso, eu já não estaria mais aqui. Porém o dono da casa investiu o dinheiro dele no muro que era alvejado, e estava ficando farto com os danos e os riscos que a minha presença fazia. Eu atraio a desgraça, isso é inevitável, uma maldição sem cura.

O início de toda esta história, começou pouco antes do meu último aniversário de 27 anos. Eu estava testando pela primeira vez a arma de fogo artesanal que levei meses para criar – o processo de criação realmente é lento e precisa de muita técnica, além de experiência com solda e mecanismos de armas.

Eu não sei qual foi o erro, mas a arma 9mm artesanal que fiz estourou nas minhas mãos ao apertar o gatilho, e partes de aço voaram em minha cabeça. Pude ver depois no raio-x que haviam partes de aço fragmentado no cérebro. Tive também traumatismo craniano, mas hoje estou totalmente recuperado... Ou quase isso.

O doutor disse que algum sensor cerebral pode ter sido danificado, então seria comum eu ter baixa cognição em algo. Também falou que a minha personalidade mudaria após as cirurgias, mesmo que eu não perceba. É assustador mudar tão rápido sem nem perceber, mas não é tão ruim quando não percebemos.

No mesmo dia que eu saí do hospital, vi um ser estranho. Parecia o corpo de uma mulher, porém a figura era negra da cabeça aos pés – mas não de raça, era como se ela tivesse pulado em uma piscina de graxa e parecia estar nua. Ela me encarava dentro de um daqueles banheiros públicos de plástico.

Eu fiquei muito assustado, e contribuí à fratura no crânio. Porém a figura continuava a aparecer, sempre de dia, mas aparecia. As vezes eu caminhava, e via a figura escura na janela de um prédio me encarando, sempre com os olhos arregalados. Eram várias aparições ao decorrer da semana, porém eu via sempre uma figura, aquela mulher.

Ela sempre aparecia ao longe, nunca era menos de 30 metros de distância. Eu sentia que ela se aproximava mais, mas evitei pensar nisso. Eu não buscava ajuda pois ela não me oferecia nenhum risco, sempre ficava ao longe – afinal, ela nem sequer se mexia!

Conforme o tempo ou, vi outra figura. Desta vez era um homem, da mesma forma que era a mulher.

"Agora são dois que irão me observar, é?"

Pensei durante muito tempo. Tempo esse que me provou não ser apenas dois que iam me encarar, mas sim três, quatro, cinco e depois seis.

O número das figuras foram crescendo de pouco em pouco, até ter uma multidão ao longe. Haviam homens e mulheres, todos nús e com graxa no corpo. O mais bizarro é que todos mantinham os olhos arregalados para mim. Busquei ajuda.

Fui diagnosticado com esquizofrenia na época, mas os diagnósticos mais recentes que fiz, apontam que eu não tenho mais problemas mentais. Mas eu continuo vendo as figuras escuras, elas estão rindo de mim. Algumas no meio da multidão se mexem, mas eu não reconheço pela distância.

Já tentei me aproximar da multidão, mas eu perdia a coragem toda vez que chegava perto o suficiente para ouví-los. Eram gemidos, choros, angústia, silêncio, tudo carregado naquele amontoado de gente. Chamava a minha atenção os sons de os que eles faziam, como se estivessem andando aos poucos para frente – em minha direção.

Semana ada eles ultraaram o limite de distância de 30 metros. Agora eles estão a 20 metros de mim, e fazem uma volta completa ao meu redor. Estão me cercando. eu queria ir para algum hospital psiquiatrico naquele momento, mas não havia nenhum no raio de 20 metros.

Ontem a multidão estava uns 12 metros de distância. Estou trancado dentro da casa do meu vô, pois acordei com a multidão ao redor da casa. Estão todos chorando, alguns rindo, outros até saem correndo em meio à multidão.

Hoje eles estão no mínimo a 5 metros de distância de mim. O que impede eles de me alcançar é a porta do quarto – que está aberta, me dando visão de uma das figuras com os olhos arregalados em mim. Eu não tenho coragem de ir até a porta e fechar, pois a figura está muito próxima.

Estou pensando em ficar acordado para evitar a aproximação deles, mesmo que o sono e a sede queira me derrubar. Então se você ver uma figura como a descrita te encarando na rua, corra! Ah, quase que esqueço;

Tenha uma boa noite...

A multidão-[I]                                           A multidão 

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