<img src="https://sb.scorecardresearch.com/p?c1=2&amp;c2=22489583&amp;cv=3.6.0&amp;cj=1">

Thorns Trilogy - Prince of Thorns (05)

Author's Avatar
10
0

╰>ʙᴏᴀ ʟᴇɪᴛᴜʀᴀ

──── ──────── ────

태도! 왜냐하면 바람이 걸

_____________________________________________

-QUATRO ANOS ATRÁS-

Por muitíssimo tempo, não estudei nada além da vingança. Construí minha primeira câmara de torturas nos recantos escuros da imaginação. Deitado sobre lençóis de sangue na Sala de Cura, descobri portas dentro de minha cabeça que eu não havia encontrado antes, portas que até mesmo uma criança de nove anos sabe que não devem ser abertas. Portas que nunca se fecharam novamente. Eu escancarei essas portas.

Sir Reilly me encontrou, pendurado no espinheiro, a menos de dez metros da carcaça de nossa carruagem em chamas. Quase não me acham. Eu os vi recolhendo os corpos na estrada. Eu os observei pelo canteiro: brilhos prateados da armadura de Sir Reilly e lampejos rubros do uniforme dos soldados de Ancrath. Foi fácil achar minha mãe, em trajes de seda.

“Jesus amado! É a rainha!” Sir Reilly ordenou que a virassem. “Cuidado! Mostrem algum respeito...”, disse, para logo se interromper, em soluços. Os homens do conde a deixaram em péssimo estado.

“Senhor! O Grande Jan está aqui. Grem e Jassar também.” Eu os vi revirando Jan, depois os outros guardas. “Melhor que estejam mortos!”, cuspiu Sir Reilly. “Procurem os príncipes!”

Não vi quando encontraram Will, mas sabia que eles o descobriram pelo silêncio que se espalhou entre os homens. Encostei o queixo no peito e percebi padrões sombrios de sangue nas folhas secas em volta dos meus pés.

“Ah, diabos...”, disse, finalmente, um dos homens.

“Tragam um cavalo. Coloquem-no aí, com cuidado”, disse Sir Reilly, com a voz despedaçada. “E achem o herdeiro!”, proferiu, com vigor, mas sem esperanças.

Tentei chamá-los. Mas perdera minhas forças, nem conseguia levantar a cabeça.

“Ele não está aqui, Sir Reilly.”

“Eles o levaram como refém”, concluiu.

Em parte, ele estava certo. Os espinhos me mantinham contra a minha vontade.

“Leve-o ao lado da rainha.”

“Cuidado! Cuidado com ele...”

“Ajeite os dois”, disse Sir Reilly. “É uma dura cavalgada até o Castelo Alto.”

Parte de mim queria que eles se fossem. Já não sentia dor, apenas um incômodo banal, e até isso estava sumindo. Uma paz me abraçava com a promessa de esquecimento.

“Senhor!” O grito veio de um dos homens.

Ouvi o tinir da armadura à medida que Sir Reilly se aproximava.

“Um fragmento de escudo?”, perguntou.

“Achamos na lama, a roda da carruagem deve ter ado sobre ele.” O soldado fez uma pausa. Escutei a lama sendo arranhada para fora do escudo. “Parece uma asa negra...”

“Um corvo. Um corvo sobre um campo vermelho. É o brasão do Conde Renar”, observou Reilly.

Conde Renar? Eu tinha um nome. Um corvo sobre um campo vermelho. A insígnia brilhou em meus olhos, cauterizados pelos relâmpagos da noite anterior. Um fogo se acendeu em mim, e a dor de mil espinhos queimou em todos os meus membros. Um gemido escapou de meus lábios ressecados.

E Reilly me encontrou.

“Há algo aqui!” Escutei seus palavrões à medida que o espinheiro encontrava todas as fendas de sua armadura. “Rápido. Tirem isso daqui.”

“Morto”, ouvi um soldado sussurrar por trás de Sir Rilley, enquanto este me soltava.

“Está tão pálido.”

Imagino que o espinheiro tenha drenado quase todo o meu sangue.

Eles buscaram um carrinho para me levar de volta. Não adormeci. Olhei o céu se tornar negro, e pensei.

Na Sala de Cura, frei Glen e seu ajudante, Polegar, retiravam espinhos de minha pele. Meu tutor, Lundist, chegou enquanto eles me tinham sobre a mesa e sob suas facas. Lundist carregava um livro, grande como um escudo teutônico e, pelo jeito, três vezes mais pesado. Ele tinha mais força naquele corpo enrugado e esquelético do que poderíamos supor.

“Essas facas foram esterilizadas a fogo, eu suponho. Frei?” Lundist mantinha o sotaque de sua terra-mãe, em Utter Oriental, e a tendência de deixar as frases incompletas, na esperança que um ouvinte inteligente preenchesse os espaços em branco.

“É a pureza do espírito que mantém a carne incorrupta, tutor”, respondeu o frei Glen. Ele lançou um olhar desaprovador e voltou a escavar minha pele.

“Ainda assim, frei, limpe as facas. O Santo Ofício pouco lhe servirá de proteção contra a ira do rei caso o príncipe morra em sua sala.” Lundist pousou o livro na mesa ao lado da minha, chacoalhando uma fileira de frascos que estavam num canto. Ele virou a capa e abriu-o em uma página marcada.

“Os espinhos da roseira-brava hão de achar os ossos.” Ele traçou seu dedo amarelo e enrugado sobre as linhas do texto. “As pontas podem quebrar, inflamando a ferida.”

O frei Glen me espetou nessa hora, arrancando-me um grito. Ele abaixou a faca e se virou para Lundist. Só pude ver as costas do frei, seu hábito marrom-escuro pendendo sobre seus ombros, o suor sobre a sua coluna.

“Tutor Lundist”, disse, “um homem na sua profissão não deveria achar que todas as coisas podem ser aprendidas nas páginas de um livro ou em um pergaminho. O aprendizado tem sua importância, meu caro, mas não pense que o senhor seria capaz de ensinar-me a curar um doente só porque ou uma noite debruçado sobre uma velha enciclopédia.”

Bem, o frei Glen ganhou a discussão. Coube ao sargento de armas “acompanhar” o tutor para fora do recinto.

Imagino que, mesmo aos nove anos, já me faltava a pureza de espírito, pois meus ferimentos inflamaram em dois dias e por nove semanas eu ardi em febre, perseguindo sonhos tenebrosos, próximo às fronteiras da morte.

Dizem que urrei, enfurecido. Que balbuciei enquanto o pus jorrava das feridas dos espinhos. Eu me lembro do fedor de putrefação. Era de uma certa doçura. O tipo de doçura que induzia ao vômito.

Polegar, o ajudante do frei, cansou de tentar me manter quieto - e olha que ele tinha os braços de um lenhador. Por fim, me amarraram à cama.

Soube pelo tutor Lundist que o frei não cuidaria de mim após a primeira semana. Frei Glen disse que eu estava possuído pelo Diabo. De que outra forma uma criança diria tanta blasfêmia?

Na quarta semana, desfiz os nós que me prendiam à cama e ateei fogo na sala. Não tenho lembranças da fuga, nem de minha captura na floresta. Mas quando limparam os destroços, acharam os restos de Polegar, com o atiçador da lareira alojado em seu peito.

Muitas vezes, eu parava ali, em frente à porta. Tinha visto minha mãe e meu irmão sendo atirados pela soleira, em frangalhos, e nos sonhos meus pés me levavam até lá, de novo. Faltava-me a coragem para segui-los, aprisionado como estava pelas farpas e ganchos da covardia.

Às vezes, enxergava a Terra dos Mortos além de um rio negro; outras, no abismo atravessado por uma estreita ponte de pedras. Uma vez, vi a porta tomar a forma dos portais que precediam o Salão do Trono de meu pai, mas seu batente estava coberto de gelo, e de suas juntas escorria pus. Não tive alternativa além de segurar a maçaneta...

O Conde de Renar me manteve vivo. A promessa de sua dor esmagou a minha sob seus calcanhares. O ódio vai mantê-lo vivo onde o amor falhou.

E então, um dia, a febre me deixou. Meus ferimentos continuaram ferozes, vermelhos, mas se fecharam. Davam-me canja de galinha para comer, e minhas forças, há muito esquecidas, rastejaram de volta.

A primavera chegou para pintar, novamente, flores nas árvores. Sentia-me forte, mas haviam levado algo de mim e para tão longe que eu nem mesmo saberia dizer o que era.

O sol voltou e, para desgosto do frei Glen, Lundist retornou para me instruir.

Quando chegou, ajeitei-me na cama. Observei-o arrumar seus livros sobre a mesa.

“Seu pai o verá assim que voltar de Gelleth”, disse Lundist. Sua voz mantinha um tom de reprovação, mas não dirigido a mim. “A morte da rainha e do Príncipe William pesaram demais sobre ele. Quando a dor cessar, ele certamente virá conversar com você.”

Não entendi por que Lundist julgava necessário mentir para mim. Sabia que meu pai não perderia tempo comigo enquanto eu estivesse para morrer. Sabia que ele me veria quando me ver lhe fosse útil. “Diga-me, tutor. A vingança é uma ciência ou uma arte?”

_____________________________________________

Likes (10)
Comments (0)

Likes (10)

Like 10

Comment

    Community background image
    community logo

    Into — Anime? the community.

    Get Amino

    Into — Anime? the community.

    Get App