QUANDO AS SIRENES PARARAM

☠🕯 QUANDO AS SIRENES PARARAM

um conto de terror apocalíptico

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❝ O fim do mundo não veio com bombas.

Nem com sangue nas ruas.

Veio com silêncio.* ❞

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:round_pushpin: DIA 1

Ninguém sabe exatamente quando o mundo acabou.

Não foi em um estrondo, como os filmes prometeram. Foi em silêncio.

Primeiro, os carros pararam. Depois, os telefones morreram.

Por fim... as sirenes calaram.

A cidade ficou parada como um cadáver fresco.

Os corpos demoraram a cair, mas o medo chegou antes deles.

Eu vi vizinhos rasgando livros pra fazer fogo.

Vi crianças com olhos secos, encarando o céu.

No terceiro dia, começaram os gritos.

Eles vinham debaixo dos bueiros.

Dos armários.

De dentro das paredes.

As vozes não pareciam humanas,

mas conheciam nossos nomes.

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:skull: DIA 4 — O GRUPO

A gente se reuniu no supermercado abandonado do bairro.

Eu, Lívia, Jorge e Murilo.

Amigos desde a escola. Agora sobreviventes. Ou quase.

Lívia era rápida, fria. Canivete na bota. Não piscava.

Jorge era raiva pura. Carregava gasolina nas costas.

Murilo...

Murilo não devia ter vindo. Mas era leal.

Isso ainda valia alguma coisa, no fim do mundo.

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🕳 DIA 6 — A BATIDA

À noite, alguém bateu na porta dos fundos.

Uma batida só.

Seca.

Como se a madeira tivesse tossido.

Lívia engatilhou o revólver.

Jorge acendeu um molotov improvisado.

Murilo... respondeu.

> “Quem tá aí?”

A voz veio com a calma do impossível:

> “Sou eu, filho. Abre a porta. Tá tudo bem agora.”

Era a voz da mãe dele.

Mortinha da silva. Há anos.

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🧠 DIA 7 — TRAIÇÃO

Murilo não dormiu mais. Não comeu.

Só ficava sentado. Esperando a porta falar com ele de novo.

Foi quando Jorge sugeriu sair à noite.

Lívia disse: “É suicídio.”

E Jorge respondeu:

> “Talvez seja melhor arriscar do que ficar aqui… com ele.”

E aí Murilo sorriu.

> “Eles falaram comigo. Não querem todo mundo. Me prometeram que eu podia ficar.”

A porta estava destrancada.

As sombras já tinham entrado.

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:fire: O TIRO

Lívia atirou em Jorge.

Sem hesitar.

Ele sabia. Desde ontem. E não contou.

Ela gritou.

Murilo rezava. Ou fingia.

As sombras estavam por toda parte.

Sussurravam com a voz da minha avó.

Eu corri.

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🕯 DIA 10 — O ÚLTIMO

Estou numa escola primária abandonada.

Com uma lanterna e três garrafas d’água.

Eles ainda estão lá fora.

Eles ainda sabem meu nome.

Às vezes, quando fecho os olhos, ouço a voz da Lívia:

> “Pode sair. Acabou. Tá tudo bem agora.”

Mas eu aprendi.

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:warning:

O fim do mundo não foi um estouro.

Nem um silêncio.

Foi uma mentira.

E só quem acredita nela...

desaparece.