O problema das denominações - Pt2

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          ↳ :wind_chime: ·۪۫ˑ݈ Introdução ·᳝∴̣࣭

Parte 1

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Continuando:

Os católicos, talvez mais que qualquer grupo, sabem o quão difícil é preservar a sã doutrina, sendo necessário se posicionar muitas vezes de forma a separar do corpo aqueles que pregam de forma contrária às Santas Escrituras. A grande questão é que, diferente dos mesmos, as divisões atuais foram resolvidas de forma pacífica, como podemos notar no cisma batista de 1963, com a comissão dos treze.

O movimento de renovação espiritual, que adentrava na igreja Batista, foi avaliado pela comissão dos treze. Após um longo debate, foi emitido um convite pacífico para a retirada de todas as igrejas que se afastaram da verdade bíblica defendida pelos batistas, e se aproximaram dos ideais pentecostais. Notem que tal divisão ocorreu, primeiramente por causa de um afastamento das verdades bíblicas defendidas pelos batistas, como de praxe na história da igreja, e nos tempos bíblicos. O segundo ponto é que a declaração da comissão diz que o motivo de tal afastamento ocorre “em benefício da paz da causa de Deus”. O motivo é claro: essas duas doutrinas divergentes em um mesmo local, estavam causando “inquietação, confusão e divisão”.

De forma semelhante, vemos em John Wesley e George Whitefield, uma disputa doutrinária quanto à salvação. Isto, entretanto, tirou a paz de ambos? De forma alguma. Segundo Bruce Shelley, “eles concordaram em diferir mantendo o respeito mútuo”. No funeral de Whitefield, Wesley quem pregou, dizendo que tiveram uma “amizade generosa e amável”. Apesar do surgimento da sociedade metodista arminiana e da sociedade metodista calvinista, que seguiram pontos de vistas diferentes, o respeito mútuo foi garantido.

Durante o surgimento dos batistas, conhecidos como separatistas, houve também uma diferença doutrinária, que para o bem-estar dos grupos, fez com que trilhassem caminhos diferentes. Os batistas gerais e os batistas particulares, que diferiam entre si na visão da expiação, apesar de se separarem visivelmente, mantiveram um sentimento de respeito mútuo, e também uma compreensão de que apesar das diferenças, a salvação não estava limitada a nenhum dos grupos.

Querendo ou não, devemos concluir uma definição para todas essas divisões, que poderiam ser colocadas no mesmo grupo que a divisão da Igreja Romana e da Igreja Ortodoxa Oriental, uma definição de separação proporcionada por erros que denominamos como “heresias bene esse”, que são basicamente a compreensão de “erros” que afetem o bem-estar da comunidade como um todo. Essa definição colocaria conflitos menores, como por exemplo, a divisão entre a Igreja ocidental e oriental, como também as denominações. Sabemos que, para ambos os grupos, é totalmente incorreto que assumam coisas como “o outro grupo está totalmente desprovido da salvação”, pois compreendemos que as questões tratadas não são primárias à salvação, porém, afirmamos que uma junção acabaria afetando de maneira notória as confissões e credos, e por isso, uma divisão é necessária para o bem-estar do corpo como um todo.

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Isso nos leva ao ponto mais importante dessa discussão em si: A divisão é causada pelas denominações?

Acredito que não. Vemos um espírito de coletividade entre os calvinistas, luteranos e batistas, mesmo que tendo suas diferenças em relação aos sacramentos. Infelizmente, alguns acabam perdendo de vista o grande espírito da reforma, que tirava a salvação da instituição, e a colocava em Cristo. Alguns acabam afirmando que, as denominações que não se comportam à sua linha de pensamento estão corrompidas ou, até mesmo, são estranhas aos olhos de Deus. Isto ocorre sim, dentro de algumas “denominações”, que acabam tomando um caráter sectário, e são consideradas seitas. Interessante, porém, é notar que a maior ocorrência disso está naqueles que se separam de qualquer sistema. Podemos notar isto na declaração de Darby, em seu folheto “A natureza e a Unidade da Igreja de Cristo”:

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“Quem busca os interesses de qualquer denominação em particular é inimigo da obra do Espírito de Deus; e que aqueles que crêem no poder e na vinda do Senhor Jesus Cristo possuem a obrigação de tomar todo o cuidado contra tal espírito; porque está de novo levando a igreja a um estado ocasionado pela ignorância da Palavra e não pela sujeição a ela, e assim impondo com um dever seus piores e mais anticristãos resultados”.

(John Nelson Darby, A natureza e a Unidade da Igreja de Cristo, p. 20).

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É claro que, em suas citações, fica claro o sentimento de ódio gerado, fazendo-o romper toda unidade possível com os cristãos que se reuniam em denominações. Há um caráter totalmente sectário, do ponto de vista eclesiástico, como podemos ver em Deiros, afirmando que uma seita é caracterizada como um movimento onde não existem fiéis fora de seu grupo. Para uns, não existe salvação fora de uma denominação. Para esses, não existe salvação dentro de nenhuma denominação. Perceptível é que, para os que realmente compartilham do espírito da reforma, compreendem que não existe salvação fora de Cristo, e o repúdio pelas conflitantes ideias não é gerado. Acredito eu ser uma total contradição, afirmar uma divisão nítida e corrompida no ambiente denominacional, enquanto divide do sistema denominacional, rompendo qualquer vínculo ou afeto para com o mesmo. Afirmam que a igreja é um lugar de hipocrisias e hipócritas. Simplesmente respondemos: Temos lugar para mais um.

Qual a solução para este problema?

O movimento ecumênico tenta trazer uma solução para esse problema. No movimento ecumênico, eles simplesmente ignoram as diferenças confessionais, e buscam a unidade visível da igreja. O grande problema está em tratar a verdade bíblica com desdém. A medida que o movimento ecumênico toma forma, o pluralismo também entra em cena e a verdade é negligenciada. Se queremos uma união visível, devemos negligenciar aquilo que, para os cristãos primitivos, era primordial. Se queremos uma unidade visível, deveremos abrir mão de nossas confissões, e relativizar a verdade. Este é o principal problema do movimento ecumênico. R. C. Sproul diz que “A igreja sempre tentou manter a unidade e a pureza”, e teme tal movimento, que na prática “busca neutralizar e relativizar a doutrina”.

Já por outro lado, temos os desigrejados, que tentam fazer de maneira contrária, buscando um rompimento total. Segundo estes, a igreja está corrompida ao ponto de ser necessário que se coloquem como remanescentes. Oswaldo Paião comenta o seguinte:

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“Multidões de cristãos sérios estão deixando de comparecer às tradicionais “Escolas Dominicais” ou “Cultos Matinais” para buscar uma forma mais autêntica de ser Igreja: livre do formalismo e das cobranças burocráticas de um tipo de igreja que vive para organizar programas e dar show.”

(Comentário em: George Barna, Revolução).

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É perceptível que há um sentimento de pertencimento exclusivo da verdade. Para os defensores desse movimento, a verdade única e universal, capaz de libertar e salvar as pessoas, está somente neles. É claro que isso, historicamente, nos lembra as diversas seitas históricas, como por exemplo os TJ, que acreditam ser portadores exclusivos da verdade, atribuindo às denominações protestantes, um “corrompimento”. Todas as seitas geram, primeiramente, um sentimento de “corrompimento global de tudo o que é contrário em pensamento a ela”, e após isso, um “rompimento com todas as outras visões”.

Alguns inclusive atribuem a característica de seita às denominações em si, dizendo que somente os que “cultuam em nome de Cristo, livres de qualquer denominação”, se encontram como portadores da verdade, e remanescentes fieis do que lhes foi entregue por Cristo. O que é antigo, pois foi o mesmo discurso utilizado por Montano, embora tenha sido atualizado.

Não acredito que o pluralismo seja correto na igreja, como fazem os ecumênicos. Muito menos acredito em uma solução de rompimento total, como fazem as seitas e os desigrejados. A opção mais coerente seria voltar-se para a Bíblia. Paulo nos chama à unidade em Cristo Jesus. É impossível para a sociedade atual, um consenso sobre a Bíblia em todas as suas doutrinas. Temos diferentes doutrinas e confissões, a grande maioria delas são feitas com muito zelo e buscando a verdade das Escrituras. É correto que até mesmo os desigrejados fazem isso, quando procuram conformar-se completamente às Escrituras, embora caiam em erros fatalistas e extremistas. Entretanto, a nossa unidade deve estar em Cristo. Mesmo diante dos diferentes pensamentos entre os primeiros cristãos, nós entendemos que a unidade está em Cristo. O fato de que a salvação está em Cristo, e não em minha linha de pensamento, é o que deve tomar o lugar principal em todos esses movimentos. Devemos prezar pela Verdade bíblica, mas devemos dizer com amor. Agostinho disse certa vez que “A verdade deve ser dita com amor, porém o amor nunca deve impedir a verdade de ser dita. Lutero também voltou a afirmar isso, ao perceber que os cristãos não tinham compreendido a sua ideia, dizendo que “Sem amor, a fé não é nada”. Que possamos preservar e cultivar a unidade em Cristo, mesmo com diferenças doutrinárias.

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          ↳ :wind_chime: ·۪۫ˑ݈ Finalização ·᳝∴̣࣭

Com isto, ficamos por aqui! Até o próximo blog.

Graça e paz!

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