Soneto ao Luar (texto autoral)

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─── 。       ᝰ         。───

𓂃𓂃𓂃ㅤ࿆ 𓂃𓂃𓂃

                                           

Opa! Bem-vindo ao meu primeiro texto autoral.

Sempre gostei de escrever textos, poemas, reflexões filosóficas e histórias curtas (oneshots), mas esta é a primeira vez que estou publicando algo. Estou um pouco nervosa por ser minha estreia, então aceito qualquer tipo de comentário! Desde críticas construtivas até interpretações sobre o texto, vou adorar ler o que vocês acham. :D

:construction: TW: CONTEÚDO SENSÍVEL

Se você for sensível a certos temas, este texto pode ser um gatilho. Prossiga com cautela, viu?

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─── 。       ᝰ         。───

𓂃𓂃𓂃ㅤ࿆ 𓂃𓂃𓂃

                                           

"Do que você tem tanto medo?"

Aquela pergunta ressoava pelo quarto. Assustado, procurei a origem da voz, mas não encontrei nada. Sim... eu realmente estava ficando louco, para dizer o mínimo, então isso não deveria me surpreender. Tentei ignorar e continuei limpando as manchas que insistiam em impregnar minha pele, até que a mesma pergunta foi lançada novamente: "Do que você tem tanto medo?" Dessa vez, era diferente. A voz vinha de todos os lugares—das janelas, das rachaduras na parede, das frestas da porta. Vinha de dentro de mim.

O chão era água, mas ao mesmo tempo algo denso e viscoso. Era frio, mas também quente. Um âmago sem substância. Quando olhei para baixo, vi um reflexo distorcido, maior do que qualquer sombra deveria ser. Algo mais complexo do que eu queria entender. Algo medonho demais para eu continuar encarando. E, ainda assim, havia algo estranhamente familiar.

Ele rastejou para fora, subindo de forma desajeitada e desesperada. Primeiro os pés, depois as pernas, o torso, a cintura, o peito. Até que seus olhos encontraram os meus, como se tentassem ler minha alma. Como se procurassem por algo perdido há muito tempo. "Do que você tem tanto medo?" Dessa vez, a voz era suave, de tom rouco e fraco, hesitante. Eu demorei um momento antes de responder, sentindo minha boca balbuciar palavras sem que eu tivesse total controle: "Tenho medo de que as pessoas te vejam". Minha voz saiu monótona, seca. "Tenho medo de que te desprezem novamente. Tenho medo de que você renasça. Tenho medo de que você sofra pelas minhas escolhas".

Eu tenho medo de viver. Tenho medo de machucar e ser machucado. Tenho medo de amar e ser amado.

O olhar que me encarava já não carregava mais ódio. Apenas uma tristeza que eu não conseguia compreender. Um medo de errar. Uma hesitação silenciosa. Eu não queria me despedir dela, e nem ela de mim. Ondas suaves de cabelo, olhos profundos como o mar que pareciam me chamar, um sorriso delicado que carregava um afeto sufocante.

Mas, mesmo assim, ela foi embora.

Ela me deixou. Ela me abandonou. Isso é amor? Desde quando amor é assim? Nunca foi amor! Caí de joelhos, em prantos, abraçando a cabeça. Clamei pelo nome dela, da minha amada. Clamei por minha mãe, meu pai, meus irmãos, amigos e até por aqueles que um dia foram apenas rostos distantes. Mas ninguém viria me socorrer. Um moribundo que se lamenta não merece ser salvo. Talvez por isso ela tenha me deixado. Ninguém quer carregar um fardo. Mas existem coisas que só podem ser feitas por amor...

De repente, eu estava de volta ao meu banheiro, encarando o espelho. Meu rosto era um caos—encharcado de lágrimas e suor, o cabelo desgrenhado, olhos arregalados em uma expressão que misturava medo, confusão e uma paixão ardente. As manchas ainda estavam ali. Quanto mais eu tentava lavar, mais elas se espalhavam. O cheiro metálico preenchia o ar, fazendo meu peito apertar. Me desesperei. Minhas mãos foram ao rosto, mas ao invés de limpar, apenas mancharam ainda mais minha pele. Mais fundo. Mais marcado.

Quanto mais eu esfregava, mais se espalhava, mais me consumia. E, de alguma forma, isso me aliviava. Me fazia sentir vivo. O cheiro metálico e enjoativo era familiar. O olhar do outro lado do espelho também. Um olhar que me devorava, que me compreendia, desejando o amor que fluia em meu pulso. Senti um sorriso involuntário se formar nos meus lábios. Estendi os braços, e finalmente a abracei. Ela se moldava perfeitamente a mim, como se tivesse sido feita para isso. Nós dançamos sob a luz do luar. A pele dela parecia tão pálida sob o reflexo da lua.

O corpo dela já estava frio há muito tempo, mas isso não importava. Meu calor a aqueceria. Meu amor a nutriria.

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⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀  ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ʀᴀɪɴᴅʀᴏᴘs

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